Os sindicatos brasileiros vivem, talvez, o maior momento desafiador de sua história. Jair Gianinni, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Hoteleiro, Motéis, Restaurantes, Bares e Turismo do Rio Grande do Sul (SINTRAHTUR) e diretor membro do Conselho Fiscal da Contratuh, analisou os principais obstáculos que os sindicatos têm enfrentado e os caminhos para sua reinvenção. Ele, como muitos gaúchos, vem de uma experiência desastrosa com as inundações que ocorreram recentemente no Rio Grande do Sul, depois de uma pandemia de Covid 19.
Tempos amargos
Nos últimos anos, políticas de extrema direita promoveram reformas que retiraram direitos trabalhistas e fragilizaram financeiramente as entidades sindicais. Entre os principais desafios atuais, Gianinni destaca a necessidade de garantir, por lei, o direito ao recebimento de contribuições coletivas definidas pelos próprios trabalhadores.
Além do aspecto organizativo, ele ressalta o desafio ideológico, que envolve combater a visão de que os sindicatos são obsoletos. Gianinni enfatiza que, para resgatar seu papel fundamental na luta trabalhista e social, é fundamental uma mobilização nacional liderada pelas Confederações e Centrais Sindicais.
Lei trabalhista
As recentes reformas trabalhistas impactaram diretamente a atuação sindical. A falta de arrecadação limita a organização de campanhas salariais e a fiscalização das condições de trabalho. A prevalência do negociado sobre o legislado também prejudica os trabalhadores, tornando-os vulneráveis à pressão dos empregadores.
Outro ponto crítico é a pejotização dos contratos, que compromete direitos essenciais, como FGTS, Seguro Desemprego e férias, enfraquecendo ainda mais as garantias trabalhistas.
Resistência
Com mais de 70 anos de história, o SINTRAHTUR já enfrentou períodos de intervenção e repressão, incluindo o regime militar. Gianinni destaca que a união dos trabalhadores foi essencial para superar os desafios impostos ao sindicato ao longo das décadas.
A reação contra tentativas de enfraquecimento veio por meio de greves, reintegração de dirigentes e fortalecimento da presença sindical nos locais de trabalho. Segundo ele, a resistência sempre parte da organização coletiva da classe trabalhadora.
Oposições
Questionado sobre como lidar com a resistência das empresas e governos à pauta sindical, Gianinni defende a unidade, planejamento e luta. Além disso, ressalta a importância de utilizar instrumentos legais, como a Justiça do Trabalho e o Ministério Público, para reforçar as reivindicações dos trabalhadores.
Futuro e reinvenção
Para Gianinni, a reinvenção sindical não pode ser tratada isoladamente por cada entidade. É fundamental que as Centrais Sindicais e Confederações assumam uma postura proativa na defesa dos direitos dos trabalhadores e das questões econômicas que afetam a população, como a redução dos juros e a valorização dos salários.
A mobilização sindical também deve incluir a defesa da soberania nacional, da democracia e da redistribuição de renda. Segundo ele, apenas um sindicalismo moderno, dinâmico e presente na vida dos trabalhadores poderá garantir sua relevância na sociedade contemporânea.
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