O novo crédito consignado para trabalhadores celetistas, anunciado pelo governo, vem gerando opiniões mistas entre economistas e o mercado.
Pontos positivos
Inclusão financeira: A medida pode beneficiar até 47 milhões de trabalhadores, incluindo domésticos, rurais e MEIs, ampliando o acesso ao crédito.
Taxas de juros mais baixas: Como as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento, o risco para os bancos é menor, o que pode resultar em juros mais acessíveis.
Facilidade de acesso: O crédito poderá ser solicitado digitalmente, pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, agilizando o processo.
Críticas
Endividamento: Alguns economistas alertam que a medida pode estimular o endividamento em um momento de altas taxas de juros no Brasil, o que pode comprometer a renda dos trabalhadores.
Impacto limitado: Apesar de prometer democratizar o crédito, há dúvidas sobre a real redução do custo do endividamento, já que as taxas ainda são consideradas altas em comparação a padrões internacionais.
Riscos em caso de demissão: Se o trabalhador for desligado, as parcelas serão descontadas das verbas rescisórias, o que pode gerar insegurança financeira.
O mercado vê potencial nesse modelo, com estimativas de movimentar entre R$ 260 bilhões e R$ 450 bilhões, mas a implementação e os efeitos práticos ainda serão observados.
Comparações
Comparado a outras políticas de crédito no Brasil:
O crédito consignado para celetistas se destaca por sua proposta de inclusão financeira e simplificação do acesso ao crédito, mas apresenta diferenças importantes em relação a outras políticas de crédito no Brasil:
Crédito Consignado Tradicional:
Geralmente disponível para aposentados, pensionistas do INSS e servidores públicos.
Taxas de juros mais baixas devido à garantia de desconto em folha.
O novo modelo para celetistas amplia essa modalidade para trabalhadores do setor privado, eliminando a necessidade de convênios entre empresas e bancos.
Crédito com Recursos Livres:
Condições negociadas diretamente entre bancos e tomadores.
Taxas de juros significativamente mais altas (média de 42,3% ao ano em janeiro de 2025).
Maior flexibilidade, mas com maior risco de inadimplência.
Crédito com Recursos Direcionados:
Atende a parâmetros estabelecidos pelo governo, como financiamentos habitacionais e estudantis.
Taxas de juros mais baixas (média de 12% ao ano em janeiro de 2025).
Foco em setores específicos, com menos flexibilidade para uso geral.
Cadastro Positivo e Fintechs:
Iniciativas recentes, como o Cadastro Positivo, buscam democratizar o acesso ao crédito, reduzindo assimetrias de informação.
Fintechs têm introduzido inovação e competição, mas ainda enfrentam desafios regulatórios e de confiança.
O novo crédito consignado para celetistas tenta equilibrar a inclusão financeira com taxas mais acessíveis, mas enfrenta desafios como o risco de endividamento e a dependência de estabilidade no emprego. Comparado a outras políticas, ele se posiciona como uma tentativa de democratizar o crédito, mas ainda precisa provar sua eficácia prática.
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