Filiado a:

Mercado aponta crise de mão de obra, mas ignora direitos

Estatísticas oficiais são produzidas por órgãos governamentais, como o IBGE, para retratar condições econômicas, sociais e ambientais. Elas são fundamentais para o planejamento e acompanhamento de políticas públicas.

No Brasil, a renda média mensal foi estimada em R$ 2.398 no primeiro trimestre de 2020, e 12,2% da população em idade ativa era desempregada no mesmo período.

Empresários do nosso mercado de trabalho apontam que a nova crise é a falta de mão-de-obra, mesmo nas atividades mais simples. “Obras estão atrasadas e há grande influência das benesses oferecidas pelo governo. Os jovens e trabalhadores preferem os planos de ajuda do governo a exercer uma profissão, por mais simples que seja. Essa afirmação reflete um debate recorrente no Brasil.

Vários setores, como construção civil, supermercados, turismo e hospitalidade enfrentam dificuldades para preencher vagas, mesmo em funções básicas. Isso tem levado ao atraso de obras e à redução da eficiência operacional em empresas.

Programas como o Bolsa Família e o Auxílio Brasil oferecem suporte financeiro a milhões de famílias. Embora essenciais para combater a pobreza, há relatos sistemáticos de que muitos trabalhadores optam por permanecer fora do mercado formal devido à percepção de que os benefícios são mais vantajosos.

No entanto o mercado de trabalho não procura investir em programas de capacitação para preparar trabalhadores para o mercado, não oferecem benefícios adicionais para quem ingressa no mercado formal, como subsídios ou ganhos fiscais.

Estudos apontam que os programas sociais incentivem a busca por emprego, como condicionar benefícios à participação em cursos ou programas de qualificação e é preciso tornar as vagas mais atrativas, com salários competitivos e horários flexíveis.

Salários baixos

Os salários baixos no Brasil são um reflexo de diversos fatores estruturais e econômicos. Eles contribuem e bastante para a baixa produtividade, que em média é significativamente menor em comparação a países desenvolvidos. Isso influencia diretamente os salários oferecidos.

Há, paralelamente, a concentração de renda e a falta de distribuição equitativa, o que afeta a capacidade de oferecer salários mais altos.

Assim, muitos trabalhadores optam pelo setor informal, onde os salários são frequentemente mais baixos e os direitos trabalhistas limitados.

Outro ponto defendido pelo empresariado é que a inflação reduz o poder de compra dos salários, agravando a percepção de baixa remuneração.

Para melhorar isso a qualificação da força de trabalho pode aumentar a produtividade e justificar salários mais altos.

Mas para isso é preciso criar incentivos fiscais para empresas que oferecem melhores salários e condições de trabalho. Mas é preciso também o fortalecimento sindical, onde se permita a negociação de melhores condições salariais dos trabalhadores.

A revisão do salário mínimo, que chegou a ser congelado por longos anos é fundamental. Nisso entram os sindicatos que lutam pelas condições salariais dos trabalhadores. E é preciso reajustar o salário mínimo para refletir o custo de vida real.

O visionário

Não se pode descartar neste aspecto a influência negativa das metas visionárias dos empresários que não se importam com as necessidades dos trabalhadores ao assumir um emprego. Emprego e salário são questões interligadas e complexas.

Empresários com metas visionárias frequentemente buscam profissionais altamente qualificados, mesmo para funções que poderiam ser desempenhadas com menor especialização. Isso pode levar à rejeição de candidatos que não atendem a esses critérios.

Empresas com uma visão de longo prazo podem priorizar candidatos alinhados com seus valores e objetivos estratégicos, o que pode limitar as oportunidades para trabalhadores que buscam apenas estabilidade financeira.

A rigidez em adaptar as metas empresariais às realidades do mercado de trabalho pode criar um descompasso entre oferta e demanda de mão de obra.

A maioria dos trabalhadores busca remuneração compatível com suas habilidades e o custo de vida local. A pretensão salarial é frequentemente ajustada com base na pesquisa de mercado e na experiência do candidato.

Além do salário, muitos trabalhadores valorizam benefícios como plano de saúde, vale-alimentação e oportunidades de crescimento profissional.

Também um ambiente saudável e colaborativo é um fator decisivo para muitos candidatos, especialmente em setores onde o estresse é elevado.

Esses fatores mostram que tanto as metas empresariais quanto as expectativas dos trabalhadores precisam ser equilibradas para criar um mercado de trabalho mais eficiente e inclusivo. Enquanto houver visão unilateral será difícil um entendimento e as crises vão se acentuar, prejudicando um e outro lado, indistintamente.

……….

O que achou da matéria? Comente em nossas redes sociais.