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Juventude e Sindicalismo: Os desafios de reconexão

Diretora da CONTRATUH defende renovação sindical para dialogar com novos trabalhadores e transformar a percepção da juventude sobre o movimento sindical

Apesar das transformações no mundo do trabalho, o movimento sindical permanece como uma ferramenta essencial na defesa dos direitos dos trabalhadores. Mas como conquistar o interesse e o engajamento de uma geração que cresceu em meio à precarização, novas tecnologias e relações de trabalho fragmentadas? Para a advogada Jéssica Marques, diretora de juventude da CONTRATUH, a resposta passa por escuta ativa, representatividade e reinvenção.

“Os sindicatos precisam retomar o diálogo com a juventude, inclusive com aqueles que ainda nem chegaram ao mercado formal”, afirma Jéssica.

Superando distâncias: por que os jovens se afastaram dos sindicatos?

A baixa sindicalização entre os mais jovens tem raízes profundas, segundo Jéssica. A ausência de compreensão sobre o papel sindical concreto no cotidiano, somada a uma visão individualista comum nessa fase da vida, ajuda a explicar a falta de adesão.

Além disso, modelos de trabalho atípicos — como MEIs, freelancers, bicos, trabalhos por aplicativos e contratos temporários — dificultam a identificação com os sindicatos tradicionais.

“Precisamos ampliar a visão de representação para além do celetista. É necessário enxergar o trabalhador em todas as suas formas”, ela pontua.

Comunicação e representatividade: as chaves da renovação

Para mudar esse cenário, a dirigente aposta em ações concretas. Investir em comunicação acessível e dinâmica — como redes sociais, podcasts e canais no YouTube —, abrir espaço para jovens nos próprios sindicatos, e dialogar com temas que fazem sentido para essa geração: diversidade, inovação, jornada flexível, qualidade de vida, e inclusão.

“Os jovens precisam se ver representados. Precisam encontrar dirigentes que falem sua linguagem, que entendam suas angústias e aspirações”.

Novas formas de trabalho, novas formas de atuação sindical

Trabalhar remotamente ou por conta própria pode parecer incompatível com a atuação sindical, mas Jéssica defende o contrário: esse novo cenário exige que os sindicatos se tornem ainda mais relevantes. Ao atuarem na regulação de novas dinâmicas, como o home office, eles podem garantir que a flexibilidade não se torne sinônimo de exploração.

“Negociar coletivamente a flexibilidade é essencial. E mostrar que o sindicato pode cuidar da qualidade de vida também é uma forma de aproximação com a juventude.”

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