O trabalho escravo ainda é uma realidade no Brasil, afetando milhares de trabalhadores em diversas atividades econômicas. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mantém o Cadastro de Empregadores, conhecido como lista suja do trabalho escravo, que identifica empresas e indivíduos responsáveis por submeter trabalhadores a condições degradantes. Na atualização mais recente, 155 novos nomes foram incluídos, totalizando 745 empregadores.
Entre os setores com maior incidência de exploração estão a criação de bovinos (21 casos), cultivo de café (20), trabalho doméstico (18), produção de carvão vegetal (10) e extração de minerais diversos (7). A informalidade e a vulnerabilidade dos trabalhadores contribuem para a perpetuação dessas práticas, tornando essencial a fiscalização contínua.
O cadastro é atualizado semestralmente e visa dar transparência às ações dos auditores-fiscais do trabalho. Segundo o coordenador-geral de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Análogo ao de Escravizado e Tráfico de Pessoas, André Esposito Roston, a divulgação da lista é fundamental para informar a sociedade sobre os resgates e incentivar denúncias pelo Sistema Ipê, canal oficial do MTE.
Empresas flagradas
Os nomes incluídos na lista passaram por processos administrativos sem possibilidade de recurso. Após um flagrante, é lavrado um auto de infração, que dá origem a um processo administrativo garantindo o direito de defesa dos empregadores. Os responsáveis permanecem na lista por dois anos, sendo retirados após esse período.
Casos e combate
Em 2025, diversas operações de fiscalização resultaram no resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão. Em Minas Gerais, uma fazenda fornecedora de café para a Nestlé foi excluída do programa de qualidade da multinacional após denúncias. No sertão baiano, 57 trabalhadores foram resgatados em atividades de extração de palha de carnaúba e sisal. Além disso, a montadora BYD foi autuada por submeter 163 chineses a trabalho forçado em sua fábrica na Bahia.
O governo federal também está elaborando um Novo Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, após 16 anos sem atualização. A iniciativa busca fortalecer políticas de prevenção, repressão e reinserção socioeconômica dos trabalhadores resgatados.
Denúncias e Conscientização
A erradicação do trabalho escravo depende da fiscalização e da participação da sociedade. Denúncias podem ser feitas anonimamente pelo Sistema Ipê, garantindo que casos de exploração sejam investigados e combatidos. O Brasil já resgatou mais de 65 mil trabalhadores nos últimos 30 anos, mas o desafio continua.
Fonte: Ascom MTE
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