O presidente da Contratuh, Wilson Pereira o secretário geral, Geraldo Gonçalves Filho e o advogado da Confederação, Agilberto Seródio, participam hoje em São Paulo das comemorações pelos 90 anos de fundação do Sinthoresp, um dos mais tradicionais sindicatos de representação da classe trabalhadora na área de turismo e hospitalidade do país.
“Vamos levar nosso abraço aos amigos paulistanos e paulistas que há quase um século estão engajados na causa sindical e defendendo os interesses do trabalhador. Num momento como este é que vemos a importância da unidade e da vontade de fazer crescer cada vez mais nossas representações”, comentou Wilson Pereira.
Os 90 anos do Sinthoresp
O Sinthoresp, Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Apart Hotéis, Motéis, Flats, Pensões, Hospedarias, Pousadas, Restaurantes, Churrascarias, Cantinas, Pizzarias, Bares, Lanchonetes, Sorveterias, Confeitarias, Docerias, Buffets, Fast-Foods e assemelhados de São Paulo e região chega aos seus 90 anos de atividades neste 10 de julho, com uma trajetória de lutas por direitos e de cuidado amplo à categoria a qual representa.
Era também uma segunda-feira, dia 10 de julho de 1933, quando uma assembleia de 46 trabalhadores do setor de hotelaria e afins se reuniam no primeiro andar de um prédio localizado na Rua São João, nº 459, no centro da capital paulista. Nesse local, criaram uma associação para atender funcionários de restaurantes e hotéis de São Paulo.
O nome da rua que reuniu os trabalhadores naquela ocasião, a avenida São João, talvez não por acaso, carregava o nome de um profeta tão importante do calendário da igreja católica, afinal, aquela associação nascida na década de 1930 foi reconhecida posteriormente como sindicato, por meio de um decreto do então presidente Getúlio Vargas, e, décadas depois, se tornaria o maior sindicato do setor, referência na América Latina.
Antes de chegar à Rua Taguá, nº 282, no bairro da Liberdade, onde a sede do sindicato está atualmente, passou por vários endereços: Largo do Paissandu, em cima de uma padaria chamada ‘Ayrosa’, na Avenida São João; na Rua Florêncio de Abreu; na Rua Senador Feijó; na Rua Quintino Bocaiúva; na Rua da Glória; na Rua 24 de Maio e na Rua Quirino de Andrade.
Aos 86 anos, o presidente do Sinthoresp, Francisco Calasans Lacerda, nascido na cidade de Abaré, na Bahia, fala com emoção sobre as décadas de trabalho à frente do sindicato.
“A comemoração desses 90 anos representa a realização de um ideal, de uma luta em defesa dos trabalhadores. Um trabalho que não é só de uma pessoa, já que tive bons companheiros ao meu lado”, diz.
Calasans vivenciou muitas situações desde a década de 1960. Em 1964, viu o sindicato passar por intervenção do governo militar. Era o período da ditatura.
Filiado ao sindicato desde 1965, foi em 1977 que montou de fato sua primeira chapa para concorrer à presidência do Sinthoresp. Isso se deu após a Junta Governativa formada em 1972. Com amplo apoio da categoria, saiu vitorioso.
Com muito trabalho, Calasans e a diretoria eleita sanaram as dívidas e deram início a um processo de expansão do Sinthoresp. Um novo período de mudanças começou a acontecer a partir desse momento. De lá para cá, Calasans sempre teve apoio da categoria em cada eleição realizada.
Crescimento
Após algumas décadas de trabalho sindical, a ‘casinha’ antiga que abrigava a sede do sindicato, no bairro da Liberdade, se transformou em dois prédios, um de nove andares onde fica o sindicato com estúdio de Rádio e TV, uma Escola de Hotelaria na capital, outro também de nove andares, onde está situado o hotel anexo, referência em serviços e inspiração para tantos profissionais que se formaram para o mercado de trabalho. Além disso, existe um prédio na Avenida Cásper Líbero, 502, próximo à estação Luz do Metrô, que atende a categoria, além de colônias de férias e subsedes localizadas na cidade de São Paulo, grande São Paulo e no interior paulista.
“Crescemos 100 vezes mais em relação ao patrimônio que tínhamos. Pagamos dívidas antigas de um sindicato que estava abandonado pela própria categoria. Reconstruímos tudo isso e resgatamos a confiança dos trabalhadores”, relata.
Na história de tantos anos, que teve Calasans à frente da Presidência, foram muitas as lutas por melhores condições de trabalho, salários dignos, convenção coletiva consistente, lei antifumo, regulamentação da gorjeta, além da garantia de direitos diversos aos trabalhadores de restaurantes, hotéis, apart hotéis, motéis, flats, pensões, hospedarias, pousadas, restaurantes, churrascarias, cantinas, pizzarias, bares, lanchonetes, sorveterias, confeitarias, docerias, buffets e fast-food em diferentes municípios do estado de São Paulo.
Lutas atuais
Calasans lembra como um dos desafios mais recentes a reforma Trabalhista e a questão da contribuição sindical.
“São muitos os problemas a serem enfrentados. A reforma trabalhista veio para acabar com os sindicatos. Seria fundamental que o poder Judiciário reconhecesse o direito dos sindicatos em receber contribuições, em consonância com a Constituição Federal, mas as entidades sindicais passaram por inúmeros ataques, principalmente a partir da reforma Trabalhista”, afirma.
“Para que exista uma atuação séria e sadia da organização sindical é preciso existir contribuição. O poder Judiciário não pode restringir esse direito. Para que haja uma luta de classes forte, é preciso que os sindicatos sejam fortes”, completa Calasans.
Além da contribuição sindical, o presidente também falou sobre os impactos da pandemia de Covid-19. “Houve muita demissão no setor de serviços, mas conseguimos sobreviver a um cenário trágico que afetou a economia. Estamos colocando as coisas no lugar, readmitindo gradativamente funcionários que foram dispensados e reabrindo colônias e departamentos que foram fechados por conta da crise”, explica.
Desde as bases
Uma história de tantas lutas e dedicação como a de Calasans teve testemunhas. Com sua trajetória, inspirou muitas pessoas, que viram nele uma referência para seguir na caminhada da vida.
Uma dessas pessoas foi Elias Bezerra da Luz, um dos associados mais antigos do sindicato, que passou a fazer parte da entidade em 06 de abril de 1964. Além de colega de empresa, um contemporâneo do Nordeste brasileiro que, assim como o presidente, viajou para as terras de São Paulo onde passou a morar e trabalhar.
Elias Bezerra nasceu em Picuí, na Paraíba, e se mudou para São Paulo ainda adolescente, aos 16 anos. Atuou como ascensorista do Hotel Jaraguá, onde trabalhou por 29 anos. Foi um observador do crescimento de Calasans no hotel, vendo seu colega ser cumim e passar por várias áreas até chegar ao cargo de garçom, na copa do então 16º andar do hotel.
“O sindicato se preocupa de verdade com os trabalhadores. Isso se dava desde que estava na ativa até agora como aposentado. Calasans veio de baixo, foi crescendo, até chegar onde chegou. E ajudou muita gente com o trabalho dele como dirigente sindical. Sem dúvida, uma referência muito importante para a categoria”, afirma.
Comprometimento
Aos 90 anos de idade, João Freire Lima, tesoureiro-geral do Sinthoresp, lembra que se associou ao sindicato em 1954. Nascido em Rodelas (BA), São Paulo foi a terra que o acolheu. Seu primeiro trabalho foi como copeiro, em 16 de dezembro de 1951, no hotel São Paulo, na Praça da Bandeira, nº 15, na capital paulista.
Em 1954, se tornou o segundo-chefe de fila que, naquela época, era o responsável pelos “comes e bebes do hotel”, como descreve. Em 1961, se tornou o primeiro-chefe do setor. Alguns anos depois, em setembro de 1978, foi transferido para o Othon Palace Hotel atuando também como primeiro-chefe.
Passou a atuar como sindicalista em 1972, na Junta Governativa formada pelo governo militar. Em 1977, foi eleito como suplente de diretoria do sindicato. Em 1980, passou a fazer parte da Executiva, sendo liberado para trabalhar no sindicato para administrar as colônias de férias.
“Ao longo desses anos, muitos trabalhadores foram ajudados tanto no hotel São Paulo como no Othon, onde trabalhei por muitos anos. Da mesma forma foram ajudados pelo sindicato inúmeros funcionários de diferentes hotéis e restaurantes. Me orgulho do trabalho realizado ao longo de tantos anos com honestidade e comprometimento em defesa dos direitos da classe trabalhadora”, afirma.
Braços da Construção
Gerente de Recursos Humanos do Sinthoresp, Rosalva Soares de Moura, 67 anos, entrou no sindicato em 1981. Nascida na cidade de Rodelas, na Bahia, chegou em São Paulo em 1974. Sete anos depois, conseguiu seu primeiro emprego, no Sinthoresp, atuando como auxiliar administrativo. De lá para cá, já se foram 42 anos de experiência.
“Quando entrei no sindicato, éramos poucos e já havia muito trabalho a ser feito. Hoje somos em torno de 550 pessoas, entre dirigentes sindicais, funcionários e estagiários na capital, grande São Paulo, litoral e interior. A contribuição de cada departamento faz o sindicato crescer e atender cada vez melhor a categoria, que são os nossos associados”, afirma.
Neste aniversário de 90 anos do sindicato, Rosalva observa o quanto o Sinthoresp deixou marcas importantes na vida de muitos trabalhadores e trabalhadores.
“Existe uma luta forte por direitos, toda uma assessoria jurídica qualificada, atendimentos com médicos e dentistas e um cuidado especial também com os aposentados. Um trabalho que, sem dúvida, vai se fortalecendo a cada ano que passa”, conclui.
Texto de Vanessa Ramos – em colaboração com o Departamento de Comunicação do Sinthoresp
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