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Reunião da Contratuh expõe fragilidade do setor turístico e cobra ação do governo

Nesta sexta-feira, 7 de novembro, a diretoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh) realizou uma reunião virtual com os seus diretores, representantes nas Câmaras Temáticas do Conselho Nacional de Turismo (CNT). O encontro teve caráter de prestação de contas e revelou um cenário preocupante para o setor turístico brasileiro.

A principal crítica dos participantes foi a baixa frequência de convocações por parte do Conselho: nenhum representante da Contratuh participou de mais de duas reuniões nos últimos meses. A escassez de encontros tem dificultado o avanço de pautas estratégicas e o acompanhamento das transformações que afetam diretamente os trabalhadores do turismo.

Problemas estruturais e desvalorização do trabalho

Silmonica da Silva, responsável pela Câmara de Sustentabilidade e Ações Climáticas, relatou que a única reunião da qual participou tratou exclusivamente da organização da COP 30, sem abordar questões ambientais mais amplas ou impactos climáticos no turismo.

Jair Ubirajara, da Câmara de Legislação Turística, classificou suas duas participações como “desastrosas”. Ele alertou para os valores exorbitantes das diárias durante a COP 30, que assustam o setor. Também criticou a substituição de trabalhadores por máquinas e cobrou mais dados e estudos para fortalecer os polos turísticos e valorizar os profissionais da área.

José Ramos, da Câmara de Regionalização do Turismo, destacou o fechamento de hotéis tradicionais na Bahia e a ausência de novas bandeiras hoteleiras. Segundo ele, a precarização da hospedagem — com o crescimento de apart-hotéis e empreendimentos “smarts” da construção civil — tem deslocado a hotelaria tradicional e prejudicado os trabalhadores. Ramos também cobrou maior articulação entre os governos federal, estadual e municipal para garantir trabalho decente.

Anésio Schneider, da Câmara de Qualificação, lamentou o desinteresse dos órgãos públicos. Ele citou o Conselho Municipal de Turismo de Florianópolis como exemplo de inércia, com poucas reuniões e baixa efetividade.

Luiz Henrique, da Câmara de Competitividade, Inovação e Pesquisa, denunciou a transformação de hotéis em flats e condomínios no Maranhão, o que tem gerado precarização do emprego. Ele também criticou a falta de regulamentação dos bingos e jogos de azar, enquanto os jogos online seguem em expansão.

Cícero Pereira, da Câmara de Crédito e Investimento, reclamou da ausência de reuniões e da falta de atenção do governo às grandes discussões do setor. Segundo ele, o turismo vive um “marasmo” em relação a investimentos.

Projeto de Lei sobre jogos de azar volta à pauta

O presidente da Contratuh, Wilson Pereira, apresentou atualizações sobre as ações da entidade junto ao Congresso Nacional. Ele destacou o Projeto de Lei 2234/2022, relatado pelo senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO), que propõe a legalização e regulamentação de cassinos, bingos, jogo do bicho e apostas em corridas de cavalos.

A proposta visa gerar receita tributária, criar empregos e impulsionar o turismo, com mecanismos de fiscalização e políticas de prevenção ao vício. Apesar de já ter sido adiada algumas vezes, a Contratuh pretende retomar o diálogo com parlamentares nas próximas semanas, incluindo o senador Paulo Paim, que tem se mostrado contrário à medida.

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