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Possível demissão de Mandetta provoca queda de braço entre aliados de Bolsonaro para emplacar substituto

A possível demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem provocado uma queda de braço entre auxiliares e aliados do presidente Jair Bolsonaro. Hoje, há uma disputa pela indicação do sucessor no comando da pasta.

Segundo relatos, Bolsonaro tem diversas opções sobre a mesa, mas a queda de braço interna pela indicação do substituto de Mandetta tem postergado a decisão do presidente. A cotação dos ministeriáveis varia a cada nova conversa.

Tido como um dos nomes fortes, Claudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Israelita Albert Einstein, teria perdido pontos nas últimas conversas. Pesa contra ele o fato de comandar o LIDE Saúde, do grupo empresarial fundado pelo governador de São Paulo, João Doria – um dos principais adversários políticos de Bolsonaro na crise do coronavírus.

Desde segunda, uma ala do Palácio do Planalto passou a atuar pelo nome do oncologista  Nelson Teich. O médico teria, segundo relatos, apoio do chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Fabio Wajngarten. O empresário Meyer Nigri, dono da construtora Tecnisa, também estaria atuando por Teich.

A cúpula da Associação Médica Brasileira (AMB) referenda o nome de Teich e defendeu nesta quarta-feira que é o momento de o país sair da “briga política”. A posição da entidade mostra uma guinada em relação ao aval de parte da classe médica à atuação de Mandetta e vai no sentido contrário do Conselho Federal de Medicina, cujo presidente, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, defendeu a permanência do ministro à frente da pasta da Saúde.

– (Teich) É um nome pelo qual temos muita simpatia – afirmou ao GLOBO o presidente da AMB, Lincoln Lopes Ferreira, sobre Teich. – É preciso sair da briga política e centralizar em ações técnicas – disse o vice-presidente da associação, Diogo Sampaio, ressaltando que o nome do oncologista como sucessor teria “todo o apoio”:

– (Teich) É um nome muito bom, respeitado na classe médica, eminentemente técnico, gestor e altamente preparado para conduzir o ministério da Saúde – afirmou.

Teich foi cotado para assumir a pasta no início do governo Bolsonaro, mas o presidente acabou optando por Mandetta, num aceno a Onyx Lorenzoni. O oncologista também tem ligações com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

O grupo que tem trabalhado por Teich diz que seu perfil discreto pode ser determinante – uma vez que a excessiva exposição de Mandetta tem incomodado Bolsonaro. Representantes da classe médica também já fizeram chegar ao Planalto que apoiam o oncologista.

Outro grupo tem atuado fortemente pela cardiologista e pesquisadora Ludhmila Hajjar, diretora de Ciência e Inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O presidente, de acordo com aliados, tem simpatia pela médica. Interlocutores de Bolsonaro disseram ao GLOBO que o cirurgião Antonio Macedo, responsável pelas últimas cirurgias do presidente, apoia Hajjar.

Tida como mais técnica, a cardiologista também teria respaldo de outros nomes da República, como o do procurador-geral, Augusto Aras.

Aliados de Bolsonaro dizem que o presidente ficou empolgado com a história de uma das pacientes de Ludhmila Hajjar: Gina Dal Colleto, de 97 anos, que teve alta no domingo de Páscoa, após se curar da Covid-19.

Diante da indefinição, uma ala do governo passou a defender que Bolsonaro demita Mandetta e deixe o número dois da pasta, João Gabbardo, no comando da Saúde até que o presidente tome sua decisão.

Fonte: O Globo

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