Brasília se prepara para receber, no dia 25, a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver — um ato de denúncia e resistência contra o massacre ocorrido nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Mais de 120 pessoas foram mortas em uma operação policial classificada pelo governo Cláudio Castro como “inteligente”, mas que, para os movimentos sociais, representa a face mais brutal da necropolítica brasileira.
A mobilização, liderada por mulheres negras de diversas partes do país, denuncia o colapso de uma política de segurança pública que transforma territórios negros em zonas de guerra. “Cada corpo negro no asfalto é uma violação direta ao Estado Democrático de Direito”, afirma a nota oficial da Marcha, que exige investigação independente, responsabilização dos agentes envolvidos e a cassação imediata do governador do Rio.
A dor das mães, avós e irmãs que recolhem os corpos de seus filhos é o retrato mais cruel de um país que ainda trata a morte como política pública. A violência racial e de gênero contra mulheres negras é uma ferida histórica que se renova a cada operação policial nas periferias. “Somos nós que ficamos para enterrar os nossos, exigir justiça e resistir para que a morte não seja o único destino imposto à nossa gente”, diz o manifesto.
A deputada federal Benedita da Silva, em discurso inflamado no plenário da Câmara, resumiu o sentimento de revolta: “Se há uma pessoa que não é inocente no Rio de Janeiro, é o governador.”
A Marcha das Mulheres Negras reafirma que segurança pública se constrói com cuidado, educação, cultura e dignidade — não com execuções sumárias. O ato em Brasília será um grito coletivo contra a lógica genocida que estrutura o Estado brasileiro desde a escravidão. “Enquanto houver uma mulher negra de pé, haverá esperança e futuro.”
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