Num país marcado por profundas desigualdades e transformações constantes nas relações de trabalho, o fortalecimento dos sindicatos permanece como uma das formas mais eficazes de defesa dos direitos da classe trabalhadora. Neste cenário, a contribuição sindical não deve ser vista como um ônus, mas sim como um investimento na manutenção da representação legítima e combativa dos trabalhadores.
Desde a promulgação da Reforma Trabalhista em 2017, a contribuição passou a ser facultativa. Muitos a interpretam como um “gasto dispensável”, sem compreender que os sindicatos — mesmo sem fins lucrativos — precisam de estrutura, profissionais qualificados e recursos para atuar nas negociações coletivas, na mediação de conflitos, na assistência jurídica e na formulação de políticas públicas voltadas à dignidade do trabalho.
Mais que isso, é preciso lembrar que os maiores avanços trabalhistas da história brasileira — como jornada de trabalho limitada, licença maternidade e paternidade, adicionais de periculosidade e insalubridade, e tantas outras conquistas — foram frutos diretos da ação sindical. Não foram concedidos espontaneamente: foram conquistados com organização, mobilização e luta.
Ao contribuir, o trabalhador reconhece e fortalece essa história. Ele se posiciona não como um indivíduo isolado, mas como parte de uma coletividade que compreende o valor da solidariedade de classe. Ninguém atravessa os desafios do mundo do trabalho sozinho — e negar suporte à entidade que defende todos é, de certo modo, fragilizar as próprias ferramentas de proteção coletiva.
Cabe, portanto, refletir: não é contraditório exigir melhores condições de trabalho, reajustes salariais justos e respeito aos direitos, ao mesmo tempo em que se recusa a colaborar com quem luta por isso?
O sindicato não é um estranho: é extensão da própria categoria. E o fortalecimento financeiro é um passo essencial para garantir que sua voz continue ecoando nos corredores das empresas, nos tribunais e nas esferas políticas.
Contribuir é resistir. É participar. É acreditar no poder transformador da união. Que nunca nos falte essa consciência.
- Emerson Vieira é jornalista
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