Foi uma votação apertada, com voto favorável do presidente do BC, Campos Neto, mas o Copom surpreendeu e cortou a Selic em 0,50 ponto percentual, a 13,25% ao ano.
Dos nove diretores do Copom, cinco votaram pelo corte de 0,50 p.p. e quatro por uma queda de 0,25 p.p. Após a decisão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad minimizou o placar apertado, afirmando que “a decisão ajuda a clarear o horizonte brasileiro.”
Com a redução da taxa Selic em 0,50 ponto percentual, os juros básicos saem do patamar de 13,75% e vão para 13,25% ao ano, no primeiro corte desde agosto de 2020. Foi um resultado um pouco acima das expectativas do mercado financeiro, que apostavam no 0,25 ponto percentual.
Pela primeira vez participaram das reuniões do Copom Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e ex-número 2 da Fazenda, e Ailton Aquino, de Fiscalização, ambos indicados do governo Lula para a diretoria do BC.
Votação
Votaram pela redução de 0,5% ao ano, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; Aílton de Aquino Santos; Carolina de Assis Barros; Gabriel Galípolo; e Otávio Ribeiro Damaso.
Os diretores conservadores Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes foram voto vencido pelo corte de 0,25 p.p.
O comunicado divulgado pelo colegiado revela: “O Copom avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião em função da melhora do quadro inflacionário, reforçando, no entanto, o firme objetivo de manter uma política monetária contracionista para a reancoragem das expectativas e a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”.
Haddad feliz
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstrou contentamento com o corte da Selic em 0,50 p.p. e minimizou o placar apertado:
“Foi o início de um processo que tem que ser acompanhado, monitorado. Vamos encaminhar ao Congresso uma leva de medidas junto com o Orçamento que vão significar juros menores, menos inadimplência e uma janela de planejamento maior para um crescimento sustentável. A partir de agora, você começa a clarear o horizonte. Os investidores estrangeiros vão olhar para o Brasil com mais otimismo”, frisou o ministro.
Sobre se o voto de Campos Neto, Haddad contemporizou as críticas repetidas do presidente Lula:
“A vida política é assim – tem divergências públicas. Felizmente estamos vivendo numa democracia. Do ponto de vista institucional, tem uma área econômica, da qual fazem parte eu, a ministra Simone [Tebet, Planejamento], o ministro Alckmin [Geraldo Alckmin, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio], a Esther Dweck [Gestão e da Inovação do Serviço Público] e o Campos Neto. O diálogo entre as equipes [sempre] foi o mais elevado possível. O fato de o placar ser apertado é porque há mesmo uma discussão técnica”, considerou.
A próxima reunião do Copom é prevista para os dias 19 e 20 de setembro.
Fontes: ICL e G1 e foto de Raphael Ribeiro.