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Autoestima da mulher depende das escolhas, diz a Ph.D. Ângela Soares

A palestra tema do XVII Seminário Viver Mulher, em Belo Horizonte, dia 22, foi por conta da professora, doutora e Ph.D., Angela Mathylde Soares. Com sua forma descontraída e muito bom humor, Angela arrancou muitos aplausos e risos da plateia.

Ela começou dizendo que “muita gente quebra a cara na vida porque acredita no errado, duvida do certo, abandona o verdadeiro e valoriza o falso.” Foi pensando nisso que definiu o que tecnicamente é conhecido como tríade funcional da aprendizagem humana, que está concentrada nas funções conativas, executivas e cognitivas.” Depois falou interatividade e a inseparabilidade dinâmica da cognição, da conação e da execução permitem a emergência e a sustentação do processo de aprendizagem humana.

E quando tudo parecia um rosário de termos técnicos quase não assimiláveis pela plateia, ela traduziu: “basicamente vivemos em emoção e cognição. O pensamento emocional é a plataforma para a aprendizagem, a memória, a tomada de decisões e a criatividade jogam com ambas. Sensações corporais, atuais ou simuladas, contribuem para a formação de sentimentos, que por sua vez podem influenciar o pensamento.”

E continuou: “Os pensamentos podem disparar emoções, que atuam na mente e no corpo. Já o pensamento racional pode informar o pensamento emocional pela via superior das emoções sociais e morais, da ética e do raciocínio motivado. A criatividade pode ser informada pela razão superior. E a evidência racional pode influenciar e decisão. Os processos somáticos são relacionados com o corpo e a razão superior com o pensamento racional.”

De modo bem simples e trocando em miúdos: o conhecimento é saber o que fazer, as habilidades significam saber como fazer e as atitudes são o querer fazer.

A doutora Ângela, sempre muito bem humorada, foi discorrendo com habilidade a neuropsicobiologia das emoções. E de forma didática mostra algumas ilustrações atrativas como um pássaro numa gaiola com as inscrições: Quando você se acostuma com suas próprias prisões, a liberdade se torna um dos seus maiores medos. Neste estágio já associa o medo a gaiola com a porta totalmente aberta e o pássaro ignorando o que tem pela frente.

Ela destacou também que “o sistema de recompensa do cérebro surge em qualquer processo em que sentimos motivação. Embora seja verdade que ele faz parte dos comportamentos viciosos, também cumpre uma função muito importante para nos proporcionar prazer e bem-estar.”

Assim ressalta que “ter metas na vida é sinônimo de saúde e bem-estar” e brinca: “por trás de toda mulher bem-sucedida, tem ela mesma, tendo crises existenciais, chorando no banheiro, achando que não é boa o suficiente.”

E exemplifica que há os sentimentos ou emoções positivas, como o bem-estar, gratificação ou realização pessoal, alegria, surpresa, orgulho, satisfação e comoção, que batem de frente com os sentimentos ou emoções negativas, representadas pela frustração, tristeza, revolta, constrangimento ou desconforto, medo ou ansiedade e a impotência.

As emoções estão intrinsicamente ligadas a ações corporais, orientadas para o exterior, públicas, reações instantâneas e breve. Em contrapartida o sentimento vem da experiência mental, orientados para o interior, privadas, reações duradouras e duradoras.

Toda essa neurobiologia que há por trás da motivação e do prazer que desejamos no dia-a-dia é regulada pelo mesmo circuito complexo e fascinante.

Viver bem

Comer, descansar, uma conversa com os amigos em um café, esperar um like na foto que acabamos de postar em nossas redes sociais, comer uma sobremesa bem recheada de chocolate, sair mais cedo do trabalho para fazer compras ou ir ao cinema, etc. Ou seja: somos regidos pelo sistema de recompensa do cérebro.

Então recomenda: vez ou outra leva a sua vida adulta para brincar.

Mas alerta: “Todos os processos que tenham como objetivo este instinto primordial, são automáticos e regidos, na maior parte dos casos, por uma emoção muito básica: o medo.

É ele que faz com que sejamos prudentes, que nos faz lembrar que a vida tem certos perigos e que, frequentemente, vale a pena ficar na nossa zona de conforto. Então, a motivação e o bem-estar que encontramos ao realizar certas condutas também fazem parte da nossa evolução. A finalidade deste circuito cerebral é conseguir que estejamos motivados a ter comportamentos específicos que ele considera adequados.”

Os sistemas

Dra. Ângela destaca que “o nucleus accumbens é considerado uma interfase neural entre a motivação e ação motora, e participa de modo decisivo na alimentação, conduta sexual, resposta ao stress, autoadministração de drogas, etc.

Há também o sistema de recompensa do cérebro, formado por uma série de estruturas que são ativadas quando são detectados estímulos gratificantes ou de reforço.

Por exemplo, quando vemos uma pizza assada, um sorvete, um livro cuja publicação estávamos à espera ou qualquer estímulo que se encaixe em nossos gostos e necessidades do momento, o cérebro responde liberando um neurotransmissor, a dopamina.

É, então, que a motivação para alcançar tal objetivo surge.

Este é o principal caminho por onde se libera e percorre a dopamina.

Tem seu início na área tegmental ventral e se conecta, por sua vez, com estruturas tão relevantes como o núcleo accumbens, a amígdala, o hipocampo e o córtex pré-frontal.

Toda esta estrutura está relacionada com o prazer e as experiências gratificantes. A área tegmental ventral, mais do que uma estrutura, é na verdade um grupo de neurônios (células dopaminérgicas) localizadas no mesencéfalo.  Esta área se relaciona com processos básicos, como as emoções intensas: o amor, o aprendizado, a motivação, os orgasmos e também os comportamentos viciosos.

Neste caso, temos outro tipo de acúmulo de neurônios que estão envolvidos em processos como o prazer, o riso, a motivação, o medo, a agressividade, o vício, etc.

Córtex cerebral

O córtex cerebral é a camada mais externa do cérebro, a mais sofisticada e onde são reguladas a maioria das nossas funções executivas ou processos cognitivos.

Esta área também está relacionada com o sistema de recompensa. Entretanto, cabe lembrar que nenhuma destas estruturas trabalha de forma isolada; todas elas estão interconectadas entre si por uma estrutura chamada circuito reforçador límbico motor.

Em resume Dra. Angela cita David Eagleman: “Todas as experiências em sua vida, desde conversas individuais até sua cultura mais ampla, dão forma aos detalhes microscópicos do seu cérebro. Neuralmente falando, quem você é, depende de onde você esteve, do que você pensa e do que você faz”.

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