O acontecimento em Nova York foi trágico, mas não pode apagar a influência da luta operária e dos movimentos políticos organizados pelas mulheres. O Dia Internacional da Mulher não foi baseado em uma tragédia, mas tem a chancela de décadas de engajamento político das mulheres pelo reconhecimento de sua causa.
Tudo está intrinsicamente ligado a mobilização política das trabalhadoras femininas, lutando contra a desigualdade de gênero, pela qualidade profissional. Isso é que representa o dia 8 de março.
Em 1910, em Copenhague, capital da Dinamarca, foi realizado o II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, apoiado pela Internacional Comunista. Nesse evento, Clara Zetkin (foto), membro do Partido Comunista Alemão, propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher, sem, entretanto, estipular uma data.
Era uma proposta do feminismo, que ascendia naquela época, e das correntes revolucionárias de esquerda, como o comunismo e o anarquismo. Clara Zetkin era engajada com campanhas que defendiam o direito das mulheres na área trabalhista. Sua proposta era de que o movimento operário desse uma maior atenção à causa das trabalhadoras.
Tanto o incêndio de 1911, nos EUA, como o dia simbólico das mulheres, proposto por Clara Zetkin, foram fundamentais. Os movimentos pediam condições de trabalho nas fábricas e direitos trabalhistas e eleitorais (entre outros) para as mulheres.
Protestos e greves pipocavam pela Europa e nos Estados Unidos desde o século XIX. O movimento feminista e as demais associações de mulheres lideravam as manifestações, tornando-as quase sempre uma agenda revolucionária. Foi o que aconteceu em 08 de março de 1917, na Rússia.
O ano de 1917, na Rússia, caiu a monarquia czarista. E na agitação revolucionária, as mulheres trabalhadoras do setor de tecelagem entraram em greve, no dia 8 de março, e reivindicaram a ajuda dos operários do setor de metalurgia. Essa data entrou para a história como um grande feito de mulheres operárias e também como prenúncio da Revolução Bolchevique.
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