“Trago uma situação que ainda não foi discutida pelo Ministério e neste Conselho. Por dever de representação dos trabalhadores do setor de turismo, notadamente daqueles que atuam a área de hotelaria, gastronomia e tantos outros, destacamos que esses trabalhadores integram uma categoria pouco reconhecida pelo setor empresarial. A média nacional dos salários pagos à classe é R$ 1.600,00. Os hotéis de 5 estrelas pagam os mesmos salários que um estabelecimento sem classificação, o que torna uma grande disparidade no setor” criticou Wilson Pereira.

Foi mais incisivo ao lembrar que a região do nordeste é a que tem os menores salários, apesar de se destacar no turismo nacional e internacional.

Consequências

O presidente da Contratuh, exemplificou seu discurso lembrando que em virtude dos baixos salários, há uma grande rotatividade de mão de obra no setor, pondo em xeque a geração de empregos, “até porque não há números estatísticos das rescisões de contratos de trabalho”.

Wilson lembrou também que existe uma preocupação muito grande pela “evasão de trabalhadores para outras atividades, inclusive para a informalidade”. Entre as trabalhadoras a tendência é que muitas delas deixam suas funções “para trabalhar como domésticas, diaristas e cuidadoras, onde ganham mais e não tem jornadas tão extenuantes.”

Por último apontou que “tudo isso contribui para reduzir a qualidade da prestação de serviços no setor do turismo e não estamos nos dando conta da situação.”

Encontro

As denúncias do presidente da Contratuh foram no auditório do Ministério do Turismo durante a 63ª reunião do Conselho Nacional de Turismo – CNT, para tratar dos programas prioritários voltados para o setor nos termos da Lei Geral da matéria.

Os conselheiros formalizaram ali a institucionalização das cinco câmaras temáticas (legislação, regionalização, promoção e apoio à comercialização do turismo, sustentabilidade e ações climáticas e incentivo ao turismo em comunidades tradicionais).

Bons resultados

Na abertura da reunião, a secretária executiva do Ministério, Ana Carla Lopes, destacou que o turismo brasileiro apresentou um desempenho surpreendente em 2024, com diversas metas do Plano Nacional de Turismo (PNT) 2024-2027 superadas antes do previsto. Houve até um crescimento expressivo no número de municípios turísticos, aumento da entrada de turistas internacionais e recordes na receita trazidas por visitantes estrangeiros para o Brasil.

A meta para 2024 era chegar a 332 cidades categorizadas como turísticas, mas o país já alcançou 451 municípios ultrapassando, até mesmo, a previsão para 2027. O crescimento representa um avanço de 44,6% em relação ao ano anterior.

De acordo com as informações da secretária, o número de postos de trabalho formais no turismo também superou as expectativas. Com uma meta de 2,2 milhões de empregos para 2024, o setor já alcançou 2,3 milhões, um crescimento de 15% em relação a 2023. Até 2027, o Plano Nacional do Turismo prevê a criação de 3 milhões de vagas com carteira assinada no setor.

O Brasil bateu recorde no número de viajantes internacionais em seu solo. Em 2024, o país recebeu 6,7 milhões de turistas vindos do exterior, um número histórico que ultrapassa a meta de 6,4 milhões prevista para o ano. Este é o maior fluxo de estrangeiros no país desde 1970, com um crescimento de 14,6% em relação a 2023.

Atrelado a esse crescimento, a receita gerada pelos gastos de turistas estrangeiros no país atingiu US$ 7,3 bilhões, ultrapassando a meta de US$ 6,9 bilhões e chegando ao valor esperado apenas para o final de 2025. “O crescimento de 10,6% em comparação ao ano anterior reforça a importância do turismo para a economia nacional e do crescimento do país no mercado global, como um destino turístico atrativo e competitivo”, destacou Ana Carla Lopes.

“Nosso compromisso é para que cada vez mais brasileiros possam conhecer o seu país, descobrir as belezas naturais, a rica cultura e história espalhadas de Norte a Sul, e ter orgulho e pertencimento da sua nação”, finalizou a secretária.

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