Não basta só reclamar dos preços dos alimentos nos supermercados e vendas. O desperdício de alimentos no Brasil é significativo e complexo. Vai do produtor ao consumidor final. Dados da ONU apontam que o Brasil desperdiça cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos por ano, sendo que 60% desse desperdício ocorre no consumo doméstico e 40% no manuseio, transporte e centrais de abastecimento.
Os grandes produtores contribuem bastante com esse desperdício, assim como supermercados, hotéis, restaurantes e todos aqueles que tem vínculo direto com a produção e consumo. Principalmente nas etapas de transporte e manejos logísticos. Condições inadequadas de transporte, falta de refrigeração, embalagens inadequadas e manuseio incorreto dos alimentos, são capitais para a perda significativa de alimentos, antes mesmo de chegarem ao mercado.
A estética dos alimentos também desempenha um papel importante. Muitos são descartados simplesmente porque não atendem aos padrões estéticos exigidos pelos consumidores ou varejistas, mesmo que sejam seguros para consumo.
Para reduzir o desperdício, é fundamental investir em infraestrutura de transporte, treinamento adequado para o manuseio de alimentos e iniciativas sustentáveis para aproveitar produtos fora do padrão estético. Além disso, a conscientização dos consumidores sobre o desperdício de alimentos e a importância de planejar suas compras pode fazer grande diferença.
O descarte de alimentos na origem, ou seja, durante as etapas iniciais da produção, é outro problema no Brasil. De acordo com a FAO, cerca de 14% dos alimentos são perdidos antes mesmo de chegar aos mercados varejistas. Essas perdas ocorrem principalmente durante o plantio, colheita, processamento, armazenamento e transporte.
Fatores que contribuem para o descarte na origem incluem:
- Condições climáticas adversas: Secas, enchentes e outros eventos climáticos extremos podem danificar colheitas e levar ao descarte de alimentos.
- Problemas técnicos: Falhas em máquinas de colheita, armazenamento inadequado e falta de infraestrutura podem resultar em perdas significativas.
- Práticas agrícolas: Algumas práticas agrícolas podem não ser as mais eficientes, levando a desperdícios durante o cultivo e colheita.
- Falta de tecnologia: A ausência de tecnologias avançadas de armazenamento e transporte pode aumentar as perdas.
Para enfrentar esses desafios, é essencial investir em tecnologias agrícolas modernas, infraestrutura de armazenamento e treinamento para agricultores. Além disso, políticas públicas e iniciativas privadas podem ajudar a reduzir essas perdas e promover uma cadeia de produção mais eficiente e sustentável.
O agro pode ser um dos grandes culpados por tanto desperdício e o comércio também colabora com isso, sem contar que o consumidor não está isento de responsabilidade pelo desperdício e preços altos das mercadorias.
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