A recente decisão do ex-presidente norte-americano Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros reacende preocupações sobre os impactos econômicos em diversos setores. Embora o foco inicial esteja nas exportações industriais e agrícolas, especialistas alertam para os efeitos indiretos sobre o turismo e a hospitalidade — áreas que empregam milhões de brasileiros e dependem fortemente da estabilidade comercial e da circulação internacional.
Queda no turismo
Dados recentes mostram que o número de brasileiros viajando para os Estados Unidos caiu 11,6% em março de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior. O encarecimento de passagens, hospedagens e produtos importados tem desestimulado o turismo de compras, especialmente em destinos como Miami e Orlando, que historicamente recebem grande fluxo de brasileiros.
Além disso, o endurecimento das relações diplomáticas pode levar à revisão da isenção de vistos para americanos, o que tende a reduzir o número de visitantes dos EUA no Brasil — afetando diretamente hotéis, restaurantes, guias turísticos e operadores locais.
Aviação e serviços
O setor aéreo também sente os reflexos. A Embraer, que registrou alta de 27% nas exportações para os EUA entre janeiro e maio de 2025, pode enfrentar desaceleração nas encomendas. Companhias aéreas brasileiras, por sua vez, lidam com o aumento nos custos de manutenção e peças importadas, o que pode encarecer passagens e reduzir a frequência de voos internacionais.
Eventos corporativos e viagens de negócios — que movimentam hotéis, centros de convenções e serviços de hospitalidade — também estão em risco, diante da retração comercial entre os dois países.
Novas estratégias
Especialistas apontam que o Brasil precisa diversificar suas parcerias internacionais, fortalecendo laços com países da América Latina, Europa e Ásia. A reorientação do setor turístico para o público regional e doméstico pode ser uma saída estratégica, mas exige capacitação dos profissionais e investimentos em infraestrutura.
O tarifaço de Trump, embora voltado inicialmente para produtos, revela-se um catalisador de mudanças mais amplas — com impactos reais sobre o cotidiano de trabalhadores do turismo e da hospitalidade. A resposta do Brasil, tanto no campo diplomático quanto no mercado interno, será decisiva para mitigar perdas e abrir novas oportunidades.
Arte fotográfica: Lara Abreu / Arte Metrópoles
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