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“Sindicalistas devem se mexer para não voltar a escravidão”

Esta foi uma das frases mais emblemáticas proferidas no Fórum Sindical dos Trabalhadores, realizado na quarta-feira de forma híbrida, pelo FST, com a participação de várias entidades filiadas e preocupadas com a situação em que se encontra o Movimento Sindical Brasileiro, desde a Reforma Trabalhista realizada pelo governo Temer e consolidada em outras grandes perdas, durante a gestão Bolsonaro.

Muitos dos sindicalistas comentaram ontem que não há falta de divulgação do trabalho dos sindicatos, mas há uma forte tendência entre os trabalhadores de não se vincularem às representações, estimulados por intimidações patronais e até pelas suas assessorias. Ocorre que o fim do Imposto Sindical e a garantia de que o trabalhador pode se manifestar contra o desconto da contribuição aos sindicatos está decretando a falência das entidades.

Benesses de graça

Os dirigentes sindicais estranham esta resistência dos trabalhadores, uma vez que os sindicatos além da defesa salarial da categoria, nas convenções coletivas, ainda saem com várias outras benesses que vão de tratamento médico a sedes recreativas para o lazer da família. Além disso os sindicatos oferecem todo o amparo jurídico indispensável ao trabalhador quando este vai rescindir um contrato de trabalho e recebe a dispensa patronal.

“Não há empresário nenhum que admita que sua clientela não pague pelo serviço prestado. É o mesmo que um cidadão entrar num restaurante e entregar uma carta onde se dispõe a não pagar pela comida recebida, ou num hotel onde vai desfrutar da estadia”. Seria a proporção inversa o garçom aconselhar o cliente a não “contribuir”, estimulando-o a não pagar pelo serviço prestado.

Mudar o discurso

No encontro o presidente da Contratuh, Wilson Pereira e o vice-presidente Moacyr Auersvald, que também presidente da Nova Central dos Trabalhadores, foram uníssonos em dizer que chegou a hora de mudar o discurso e que as entidades precisam defender suas sobrevivências, recorrendo a quem de direito para amparar o trabalhador através dos órgãos constituídos e apelando pela manutenção do Fórum Sindical dos Trabalhadores.

Várias manifestações foram registradas sobre a necessidade de convencimento dos trabalhadores em participar do mundo sindical. “Há uma política sistemática de desvalorização do sindicalismo brasileiro. Mas ele tem servido de exemplo para o mundo, pela forma da unicidade, aqui praticada.”

Houve críticas também a Centrais Sindicais, como a CUT, por exemplo, que tem propalado que o trabalhador não precisa contribuir para ingressar nos Sindicatos. E até ao Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que tem se imiscuído em eleições sindicais, quando deveria ter uma postura de ministro de estado.

Moacyr lembrou, por exemplo, que em 2005 o FST foi de total resistência contra a eliminação da unicidade sindical. Disse que no setor político e especialmente no Congresso Nacional há muita gente contra o sindicalismo. E o maior exemplo é o senador Rogério Marinho, que tem projeto para decretar praticamente o desaparecimento das entidades sindicais. É considerado um inimigo do setor.

O presidente Wilson Pereira, ao final de sua participação convocou a todos para que as entidades sindicais, desde a base, para se unirem em favor das entidades representativas e do Fórum Sindical Trabalhista. Ele comentou também que os dirigentes da Contratuh e Nova Central vêm trabalhando no sentido de conseguir uma audiência com os presidentes da Câmara e Senado para expor os pontos de vista do movimento.

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