Filiado a:

“Precariado” é o novo modelo de trabalhador brasileiro

O setor de turismo no Brasil vive momento de transformações, refletindo tendências globais que afetam diretamente as relações de trabalho. Em meio à expansão do setor de serviços, observa-se um crescimento acelerado da terceirização, da informalidade e da flexibilização das normas trabalhistas — fenômenos que moldam o perfil dos trabalhadores e desafiam a proteção social.

Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), 61% dos trabalhadores no mundo estão em situação informal, e apenas ¼ possui um emprego padrão, com salários que não acompanham o aumento da produtividade. No turismo, essa realidade é ainda mais acentuada, com cerca de 40% dos trabalhadores brasileiros atuando informalmente.

Formas de Exploração

A chamada “uberização” e a “pejotização” têm se tornado comuns no setor, promovendo a perda de garantias trabalhistas e a formação de um novo grupo social: o “precariado”. Mulheres e imigrantes representam uma parcela significativa da força de trabalho no turismo, mas enfrentam baixos salários e desigualdades estruturais, especialmente em funções operacionais e de atendimento.

A terceirização, por sua vez, tem sido usada como ferramenta para intensificar a exploração do trabalho, fragilizando vínculos empregatícios e dificultando a organização coletiva.

Regulação em xeque

As mudanças legislativas recentes, como a Lei 13.467/2017, flexibilizaram a jornada de trabalho e regulamentaram o trabalho intermitente, impactando diretamente os trabalhadores do turismo. O fim da contribuição sindical obrigatória também enfraqueceu a capacidade de mobilização das categorias, dificultando a luta por melhores condições.

A Constituição Federal de 1988 e a CLT continuam sendo pilares da proteção trabalhista, mas enfrentam desafios diante do avanço do neoliberalismo e da desregulamentação.

Influência geográfica

A distribuição do trabalho formal no turismo é concentrada nas regiões Sudeste e Sul, que juntas representam 73% dos vínculos empregatícios. Enquanto isso, estados como Sergipe e Alagoas apresentam pisos salariais abaixo de R$ 1.000, contrastando com São Paulo, onde o piso ultrapassa R$ 1.700.

Essa disparidade revela que, embora o turismo seja frequentemente apontado como solução para a geração de empregos, a realidade é marcada por desigualdade regional e fragilidade estrutural.

Futuro

Apesar dos desafios, o setor também apresenta oportunidades. A Revista Tendências do Turismo 2025, lançada pelo Ministério do Turismo e Embratur, aponta que o Brasil lidera reservas na América do Sul e destaca destinos como Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina e Foz do Iguaçu. A busca por experiências imersivas, personalização e sustentabilidade pode abrir espaço para novos modelos de trabalho mais justos e inclusivos.

O presidente da Contratuh, Wilson Pereira confirma a grande preocupação da Confederação na defesa dos direitos dos trabalhadores do turismo e hospitalidade. “Temos procurado atuar para combater a precarização, garantir condições dignas e valorizar as categorias profissionais que sustentam o setor no desenvolvimento brasileiro, mas precisamos contar com a participação do trabalhador nesta luta, que é fundamental para o nosso constante crescimento e desenvolvimento”.

…….

O que achou da matéria? Comente em nossas redes sociais.