Durante a COP 30, o diretor de Relações Internacionais da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Denilson Pestana, participou do painel “Os desafios para a Transição Justa nas Relações de Trabalho Amazônicas”, promovido pelo Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região. O encontro reuniu autoridades, entidades sindicais e lideranças comunitárias para discutir como alinhar a agenda climática à realidade laboral da Amazônia.
Desafios estruturais
Pestana destacou que a região enfrenta níveis alarmantes de informalidade, 20% acima da média nacional. Em 2019, 58% dos empregados não tinham carteira assinada, o que significa ausência de direitos e proteção social. Além disso, a renda dos trabalhadores amazônicos é 40% inferior à média nacional, agravada por conflitos fundiários e ocupações instáveis.
Outro ponto crítico é a persistência de condições de trabalho perigosas na floresta, com altos índices de acidentes e doenças ocupacionais. A Amazônia também concentra a maior taxa de trabalho infantil do país (7,4%), revelando vulnerabilidades profundas.
Justiça climática
O dirigente sindical alertou para a invisibilidade dos trabalhadores nos debates ambientais:
“Quando se discute questão ambiental, parece que não existe trabalhador, não existem povos originários, não existem comunidades. Apenas floresta.”
Para ele, a transição justa só será possível com o fortalecimento das instituições de proteção ao trabalho, como o Ministério do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho e a Justiça do Trabalho, hoje fragilizadas por falta de orçamento e recursos.
Iniciativas regionais
Pestana também ressaltou esforços das centrais sindicais, como o Fórum Pan-Amazônico, a Rede Sindical da Amazônica e a Aliança Sindical pelas Florestas, que buscam articular estratégias entre os nove países amazônicos e garantir protagonismo dos trabalhadores na agenda climática.
Debate
Ao final Denilson parabenizou o TRT-8 pela iniciativa, e ressaltou que as Centrais Sindicais estão prontas para o debate, sempre:
“Esse espaço é extremamente importante. Podem contar com as centrais.”
O painel reforçou que a transição energética e ambiental só será verdadeiramente justa se colocar o trabalhador amazônico no centro das decisões, garantindo oportunidades, proteção social e dignidade para quem vive e trabalha na floresta.
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