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O Caminho para uma Tecnologia Humanista, segundo Silvana Bahia

Para a especialista, uma das 10 vozes em IA recomendadas pelo LinkedIn, o futuro da inovação depende de colocar as pessoas no centro e questionar quem se beneficia da tecnologia.

A ascensão da inteligência artificial no ambiente de trabalho e na sociedade trouxe consigo um debate inevitável: como equilibrar a automação com a valorização da experiência humana? Para Silvana Bahia, co-diretora executiva do Olabi e uma das vozes mais influentes sobre o tema no Brasil, a resposta não está na tecnologia em si, mas na intencionalidade por trás de seu uso. Em recente entrevista ao LinkedIn Notícias, ela defendeu que o caminho para uma inovação responsável passa por uma postura crítica e um design focado nas pessoas.

O ponto de partida, segundo Bahia, é desmistificar a ideia de que a IA veio para substituir o trabalho humano. “A primeira coisa é não cair na ilusão de que a IA substitui o humano. Ela é ferramenta, não solução em si mesma”, afirma. Para as empresas, isso se traduz em uma estratégia clara: usar a tecnologia para otimizar tarefas repetitivas, liberando os profissionais para aquilo que máquinas não podem replicar. “Reservar o que exige criatividade, empatia e imaginação para as pessoas”, complementa.

Essa visão humanista coloca as relações e o bem-estar coletivo como o verdadeiro motor da inovação, muito além da simples análise de dados. Para a especialista, “valorizar a interação humana é reconhecer que a inovação não está só nos dados, mas na capacidade de cuidar das relações e desenhar futuros.”

Diante do receio que essa transformação digital gera em muitos profissionais, a dica de Silvana Bahia é direta: experimentar, mas sem ingenuidade. Ela incentiva o uso de ferramentas simples como forma de aprendizado, mas alerta para a necessidade de manter uma postura questionadora. “Perguntar: de onde vêm esses dados? Quem ganha com isso? Quem pode ser prejudicado? O mais importante é não deixar o medo paralisar”, aconselha. Para ela, a apropriação da tecnologia por um público diverso é a chave para um desenvolvimento mais justo, pois, afinal, “a IA não é um ‘outro mundo’, é parte do nosso.”

Essa perspectiva se torna ainda mais crucial quando o debate se amplia para o uso da inteligência artificial na solução de problemas complexos, como a emergência climática e a injustiça social. Silvana acredita no potencial da IA como aliada, mas com uma ressalva fundamental. “Sim, mas tudo depende da intencionalidade. Não apenas do uso, mas, sobretudo, de quem cria”, pontua.

Ela adverte que a tecnologia, por si só, não é uma panaceia e pode seguir por caminhos opostos: ampliar a capacidade humana de enfrentar desafios ou aprofundar desigualdades já existentes. O grande desafio, conclui, é garantir que a ética guie o progresso. “Seu desenvolvimento precisa ser guiado por princípios de justiça, valores de cuidado e equidade, porque só assim fará sentido como aliada na construção de futuros mais inclusivos.”

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