Uma pesquisa global realizada pela Randstad, com 11.250 profissionais de 15 países — incluindo 750 brasileiros — revela que os jovens da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) estão redefinindo prioridades no mercado de trabalho. Para 44% deles, a flexibilidade nos horários pesa mais do que o salário (35%) na hora de escolher um emprego. O crescimento pessoal aparece em seguida, citado por 37% dos entrevistados.
Além disso, o estudo mostra que 75% dos jovens desejam ocupar cargos de liderança no futuro. Apesar dessa ambição, a pesquisa aponta alta rotatividade: profissionais com menos de 30 anos permanecem, em média, pouco mais de um ano em cada posição.
Atrai e retém talentos
Especialistas em gestão de pessoas destacam quatro pilares fundamentais para conquistar e manter esses profissionais:
- Flexibilidade real: não apenas no horário, mas também na forma de trabalho (remoto, híbrido ou presencial).
- Planos de progressão claros: perspectivas de carreira bem definidas e transparentes.
- Capacitação em tecnologia e inteligência artificial: ferramentas que ampliam a competitividade e o protagonismo dos jovens.
- Cultura organizacional saudável: ambientes que valorizem bem-estar, diversidade e propósito.
Além do salário
Segundo a analista de remuneração Ana Claudia Marinho, o pacote de benefícios tornou-se peça-chave na estratégia de retenção. Planos de saúde, programas de bem-estar, apoio psicológico e oportunidades de desenvolvimento são vistos como diferenciais que fortalecem o vínculo entre colaborador e empresa. “Revisar o pacote de benefícios é investir na experiência do colaborador e, consequentemente, na performance organizacional”, afirma.
Retorno ao presencial
Embora a flexibilidade seja altamente valorizada, o cenário global mostra uma tendência de retorno ao trabalho presencial. Dados do LinkedIn indicam que, no Brasil, a oferta de vagas remotas caiu 12,9 pontos percentuais em 2024, após atingir o pico de 28,2% em 2022. A demanda por posições 100% remotas também recuou, passando de 17% para 13,8%.
Ainda assim, pesquisas internacionais reforçam o peso da flexibilidade: 40% dos jovens da geração Z e dos millennials nos Estados Unidos aceitariam ganhar menos em troca de maior autonomia, segundo levantamento do LinkedIn. Outro estudo, conduzido por Harvard, Brown e UCLA, mostra que profissionais americanos estão dispostos a abrir mão de até 25% da remuneração total para trabalhar de forma remota ou híbrida.
Dilema das empresas
A Gallup aponta que funcionários remotos apresentam maior engajamento (31%) do que os híbridos (23%) e presenciais (19%). Porém, também relatam níveis mais altos de estresse e sobrecarga emocional. Esse paradoxo reforça o desafio das empresas: equilibrar produtividade, bem-estar e flexibilidade em um mercado cada vez mais competitivo.
Em resumo, a geração Z não apenas busca remuneração justa, mas também condições de trabalho que permitam conciliar vida pessoal e profissional. Para as empresas, o recado é claro: oferecer flexibilidade, oportunidades de crescimento e uma cultura organizacional sólida deixou de ser um diferencial e tornou-se requisito para atrair e reter os talentos do futuro.
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