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Bingos e cassinos x bets, oportunidade ou ilusão?

Com a possível legalização dos bingos no Brasil, o setor de turismo e hospitalidade pode estar diante de uma nova frente de trabalho. O Projeto de Lei 2.234/2022, já aprovado pela Câmara e pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, prevê a liberação de bingos em casas fixas e estádios, com licenças de 25 anos e exigência de capital social mínimo.

Para o trabalhador, isso representa novas possibilidades de emprego, especialmente em funções como: Atendimento ao público; Operação de jogos e equipamentos; Serviços de limpeza, segurança e manutenção; Gastronomia e bar e recepção e suporte administrativo.

Mas é preciso cautela. A legalização ainda enfrenta resistência e não há data definida para votação final. Além disso, o setor exige qualificação específica, postura ética e preparo para lidar com públicos diversos.

Prepare-se

O trabalhador sindicalizado pode se antecipar com ações de especialização, fazendo cursos de atendimento e hospitalidade com foco em entretenimento, capacitação em operação de jogos (quando disponíveis), conhecimento básico sobre legislação e ética no setor de jogos e participação em debates e fóruns sindicais sobre o tema

Sindicatos

O sindicato tem papel fundamental na qualificação profissional dos trabalhadores da área, garantindo condições dignas de trabalho, negociar convenções coletivas específicas para o setor, fiscalizar práticas abusivas ou ilegais e promovendo a formação e orientação profissional

Proteção

Defender a legalização dos bingos não é incoerente, desde que se priorize a proteção ao trabalhador, a regulamentação responsável e o combate à exploração. O setor de turismo e hospitalidade pode se beneficiar, mas precisa estar preparado — com informação, formação e organização sindical.

Bingos x Bets

Enquanto os bingos podem representar uma nova frente de trabalho com regulamentação clara e vínculos comunitários, as bets — apostas esportivas online — já estão presentes no Brasil, mas trazem desafios importantes para o setor e para os trabalhadores.

Controle

Vamos analisar os prós e contras de cada setor. Os bingos, por exemplo:

  • Presença física: Funcionam em locais fixos, com estrutura e equipe presencial.
  • Empregabilidade direta: Geram postos de trabalho em atendimento, segurança, limpeza, gastronomia e administração.
  • Regulamentação em debate: Projeto de Lei 2.234/2022 prevê regras claras, licenças e fiscalização.
  • Vínculo com turismo: Podem ser integrados a resorts e centros de entretenimento, fortalecendo o setor.

Bets: crescimento digital e riscos sociais

  • Operação online: Não exigem estrutura física nem contratação local.
  • Empregos indiretos e concentrados: Atuam com equipes enxutas, muitas vezes fora do Brasil.
  • Riscos ao consumo: Segundo a CNC, as bets podem gerar prejuízo anual de R$ 117 bilhões ao comércio.
  • Endividamento crescente: Mais de 86% dos apostadores estão endividados, e há casos de uso de benefícios sociais para apostar.

Os bingos podem fortalecer o turismo e gerar empregos locais, enquanto as bets, apesar de movimentarem bilhões, têm impacto limitado na geração de trabalho direto e apresentam riscos sociais relevantes.

O sindicato pode: Promover capacitação para bingos e cassinos; informar sobre os riscos das bets e orientar o consumo consciente e defender regulamentações que protejam o trabalhador e o consumidor.

Contratuh luta

Há longos anos a Contratuh tem estado atenta para a legalização dos bingos e cassinos no Brasil. Segundo o presidente Wilson Pereira, é um momento para ampliar o quadro de empregos e dar uma oportunidade muito rentável para o trabalhador de turismo e hospitalidade.

“De fato, a legalização dos Jogos e apostas prevista no PL 2234/2022, possui destacada importância para a economia no Brasil, já que significaria a geração de 658 mil empregos diretos e 619 mil indiretos, com uma projeção de ingresso de 74 bilhões de reais ao ano na economia, o que acarretaria uma arrecadação de 22,2 bilhões de reais em impostos e 6,7 bilhões de reais em outorgas. Além disso, a atividade possui alta capacidade de atração de investimentos internacionais e desenvolvimento do turismo, tendo em vista a estrutura proposta para instalação de cassinos.”

A Contratuh entende que a proibição nunca impediu o cenário de Jogos no Brasil, tendo em vista que os jogos ilegais movimentam, anualmente, mais de 18,9 bilhões de reais, conforme dados do Boletim de Notícias Lotéricas (BNL), motivo pelo qual pode-se concluir que a proibição não impediu o brasileiro de jogar, apenas afastou a arrecadação pelo governo brasileiro e a adequação de postos formais de trabalho com a atividade. Exatamente por este motivo é que 97% dos países que compõem a OCDE e 93% das nações do G20 já regulamentaram os jogos, neste último caso apenas países de maioria islâmica não permitem a operação de jogos e apostas.

E o presidente Wilson Pereira finaliza, lembrando que “é importante notar que o Brasil conta com importantes órgãos de controle financeiro, como o COAF, sendo que o próprio projeto prevê a criação de agência reguladora com exigência de identificação dos jogadores pelo CPF e impedimento de introdução de cédulas ou moedas nas máquinas e jogos, o que praticamente inviabiliza a lavagem de dinheiro e o crime organizado”.

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