Segundo estimativas da Federação dos Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp), cerca de 36% das bebidas alcoólicas comercializadas no Brasil em 2024 foram falsificadas, adulteradas ou contrabandeadas. O impacto econômico dessas práticas ilegais é alarmante: somente no último ano, a perda fiscal ultrapassou R$ 85 bilhões.
Além das bebidas, o cigarro também figura entre os produtos com produção clandestina significativa, gerando um prejuízo adicional de R$ 9 bilhões aos cofres públicos. No total, os setores de hospedagem e alimentação amargaram perdas de R$ 100 bilhões devido a fraudes e golpes diversos.
Entre os esquemas mais comuns estão:
- Falsa hospedagem: consumidores compram diárias inexistentes, gerando um rombo de R$ 2,4 bilhões.
- Golpes com bufês: empresas contratadas desaparecem sem prestar o serviço, causando prejuízos de até R$ 90 milhões.
- Fraudes tecnológicas: adulteração de QR Codes e redes Wi-Fi inseguras são usadas para roubo de dados e desvio de pagamentos, somando perdas de R$ 135 milhões.
Para enfrentar esse cenário, a Fhoresp propõe a criação de um Cadastro Nacional de Fraudadores, com integração entre órgãos como Polícia Federal, Polícia Civil e Ministério Público. A entidade também sugere o uso de tecnologias para garantir contratos mais seguros e a adoção de seguros contra inadimplência e fraudes.
O diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto, alerta: “Sem uma regulação mais firme e ações preventivas coordenadas, o prejuízo continuará recaindo sobre os consumidores e as empresas”.
Riscos à saúde e à economia
Mas os danos vão muito além do bolso: a saúde pública está em risco. Comprovações recentes mostram que as bebidas adulteradas frequentemente contêm substâncias tóxicas como:
- Metanol: álcool industrial usado em combustíveis e solventes. É incolor, inflamável e pode ter cheiro semelhante ao etanol, mas é extremamente perigoso para consumo humano.
- Etilenoglicol: usado em anticongelantes e produtos de limpeza. Também altamente tóxico.
Essas substâncias são adicionadas para aumentar o volume da bebida e reduzir custos de produção, mas os efeitos no organismo são devastadores.
Cegueira e até morte
O consumo dessas bebidas pode causar:
- Náuseas, vômitos e dor abdominal
- Confusão mental e perda de coordenação motora
- Cegueira irreversível, especialmente pelo ataque do metanol ao nervo óptico
- Insuficiência renal, acidose metabólica e até morte em casos graves
Casos recentes em São Paulo confirmaram mortes e internações por intoxicação com metanol, inclusive em bares e festas populares.
Proteja-se
- Verifique o selo do IPI e o selo do MAPA nas garrafas
- Desconfie de preços muito baixos e rótulos mal impressos
- Evite bebidas de origem desconhecida, especialmente em locais informais
- Em caso de sintomas, procure atendimento médico imediatamente — o tratamento exige antídotos e, em casos graves, hemodiálise hospitalar
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