A Nova Central e outras cinco centrais sindicais manifestaram apoio a José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Frei Chico, que ocupa os cargos de diretor e vice-presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), está entre os investigados na operação Sem Desconto, conduzida para apurar possíveis fraudes no INSS.
Em carta aberta divulgada no início da semana, os líderes sindicais classificaram as investigações como “politicagem eleitoral”. A nota diz que, “Frei Chico jamais utilizou a estrutura sindical ou política para benefício próprio. Sempre viveu de forma modesta, fiel aos seus princípios. Ao direcionar as investigações para sua figura, a narrativa sobre as fraudes no INSS transforma-se em um ataque ao governo e ao sindicalismo.”
A operação da Polícia Federal, deflagrada em 23 de abril de 2025, investiga irregularidades relacionadas a descontos nos benefícios de aposentados e pensionistas. Os sindicatos alegam que o caso está sendo “desvirtuado e usado como ferramenta de ataque aos trabalhadores e ao governo Lula”. Além disso, defendem que tanto a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) quanto o Sindnapi estão sendo “injustamente acusados”. Apesar das críticas, as centrais sindicais apoiaram a ação da PF e reforçaram a necessidade de “ressarcir todos os prejudicados por organizações de má fé”.
Veja o que diz a íntegra da nota oficial das Centrais Sindicais:
“Acompanhamos, estarrecidos, as notícias sobre as fraudes no INSS. Por dois motivos principais: primeiro, pela roubalheira que atinge aposentados e pensionistas; segundo, pelas distorções que permeiam o noticiário, que, de forma maliciosa, tenta relacionar entidades e pessoas alheias ao caso, com o objetivo de promover ataques políticos e antissindicais.
Apoiamos a ação da Polícia Federal e defendemos o ressarcimento de todos que tiveram parte de seus benefícios surrupiados por organizações de má-fé. Repudiamos, igualmente, o desvirtuamento desse caso, transformado em mais um instrumento de ataque aos trabalhadores e ao governo Lula.
Estão sendo injustamente atacados a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), entidades sérias, comprometidas com os trabalhadores rurais e com os aposentados, às quais reafirmamos nosso apoio e confiança.
Manifestamos, também, nosso apoio e defesa ao metalúrgico aposentado José Ferreira da Silva, o Frei Chico, que, por meio de manipulações e desinformação típicas da extrema direita, tornou-se indevidamente alvo desse noticiário tendencioso.
Frei Chico está em evidência apenas por seu parentesco com o presidente Lula. Trata-se de pura politicagem eleitoral, que engana muita gente de boa fé.
Metalúrgico de São Caetano, no ABC Paulista, Frei Chico é um histórico líder operário, perseguido pelo regime militar, que participou ativamente da refundação das organizações de trabalhadores durante a resistência à ditadura, nas lutas pela redemocratização e pela conquista da Constituição Cidadã. Foi ele quem influenciou seu irmão mais novo, Luiz Inácio Lula da Silva, a ingressar no movimento sindical e a lutar pelos direitos dos trabalhadores — trajetória que culminou na eleição de Lula como um dos presidentes mais comprometidos com o povo em nossa história, a exemplo de Getúlio Vargas.
Jamais Frei Chico utilizou a estrutura sindical ou política em benefício próprio. Sempre viveu — e continua vivendo — de maneira modesta, fiel aos seus ideais.
Ao desviar o foco das investigações para sua figura, a narrativa em torno das fraudes no INSS torna-se um discurso contra o governo e contra o sindicalismo.
É fundamental que as quadrilhas formadas nos governos Temer e Bolsonaro sejam rigorosamente investigadas e desmanteladas. E que o sindicalismo de luta, com seus líderes verdadeiramente comprometidos com a causa dos trabalhadores, seja valorizado nesse processo, para que o povo saiba claramente quem está ao seu lado.”
São Paulo, 28 de abril de 2025.
Assinam o documento: Moacyr Tesch Auersvald, presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores); Sérgio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores); Miguel Torres, presidente da Força Sindical; Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores); Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
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