O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Salvador e Litoral Norte, Almir Pereira da Silva, tem conquistado avanços nas negociações coletivas, mas considera esse processo extremamente desafiador.
“É uma situação delicada, que exige muito empenho e determinação. Nem sempre os patrões estão dispostos a negociar. Contamos com o apoio dos trabalhadores, mas nem sempre conseguimos avançar. Nossa melhor arma ainda é o protesto! Denunciar empresas que menosprezam os trabalhadores é um caminho necessário. É preciso insistir até que cedam nas negociações.”
Apesar das dificuldades, ele enfatiza que o grande objetivo das negociações é alcançar um acordo coletivo satisfatório, com ganho real para os trabalhadores.
Acordos firmados
Em Salvador, Mata de São João e Alagoinhas, há três convenções coletivas bem negociadas, garantindo ganhos reais e a renovação integral das cláusulas econômicas e sociais.
“A legislação trabalhista extinguiu a ultratividade das cláusulas, tornando necessário renegociá-las ano a ano, sem garantia de manutenção. Isso exige grande habilidade para evitar armadilhas e manter o equilíbrio durante as negociações. Muitas vezes, o processo se arrasta por meses sem um resultado satisfatório. Sempre reforço: estamos aqui para negociar e encontrar termos que beneficiem ambas as partes.”
Para ele, a estratégia é demonstrar aos patrões que os trabalhadores enfrentam dificuldades e pressioná-los para que aceitem os acordos coletivos.
“Com muito esforço, conseguimos chegar a um denominador comum. É fundamental evidenciar as dificuldades dos trabalhadores, especialmente os baixos salários, até que os empregadores reconheçam a importância de formalizar a convenção coletiva.”
Falta valorização
Apesar dos avanços, Almir lamenta que muitos trabalhadores não valorizam o papel do sindicato.
“Muitos preferem não se associar. Mas, quando chega o momento da contribuição, enfrentamos filas enormes de pessoas trazendo cartas de oposição ao desconto.”
Segundo ele, seria essencial garantir benefícios exclusivos para os sindicalizados, mas a legislação não permite essa diferenciação.
“Essa questão é amplamente debatida em nossas reuniões e até na Confederação. Infelizmente, sem essa possibilidade, acabamos favorecendo quem não contribui. São justamente esses trabalhadores os mais privilegiados.”
Para Almir, a legislação deveria evoluir e beneficiar aqueles que apoiam o sindicato.
“Espero que um dia a lei mude para favorecer quem investe no sindicato. Precisamos de uma contribuição mínima, um valor representativo, para que todos sejam igualmente valorizados. Não basta pagar a taxa assistencial. Filie-se ao sindicato, doe algo, deposite R$5 ou R$10 no PIX da entidade. Infelizmente, essa consciência não é universal, e muitos trabalhadores acabam se prejudicando.”
Ele reforça que, apesar das críticas, sem o sindicato, os trabalhadores teriam perdas irreparáveis.
“Por mais que alguns considerem a atuação sindical insuficiente, a situação seria muito pior sem essa representação. O dia em que o sindicato não conseguir se manter e precisar fechar suas portas, muitos irão perceber que eram felizes e não sabiam.”
Críticas injustas
Por fim, Almir revela que, além de trazer cartas de oposição, alguns trabalhadores atacam o sindicato, repetindo discursos preparados por patrões, contadores e advogados.
“Dizem que o sindicato não faz nada por eles, que não comparece às empresas. Mas estamos sempre presentes! Levamos publicações, jornais, realizamos filiações nos refeitórios. Ainda assim, sustentam que não aparecemos. É uma situação frustrante. Dá desânimo, mas fomos eleitos para isso e precisamos continuar lutando.”
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