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Wilson defende o turismo e Gerardo fala da violência do agro

Na videoconferência da 1ª Oficina Sindical América Latina (Brasil, Argentina, Uruguai) e Europa (Espanha-Itália) rumo à Cúpula do Clima (COP 30) o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade, Wilson Pereira abordou o crescente aumento dos casos de doenças decorrentes de desastres climáticos, lembrando as situações do Rio Grande do Sul, aqui no Brasil e também as mais recentes catástrofes que o mundo conheceu, na Espanha.

O encontro apresentou relatos brasileiros e espanhóis, entre outros, referindo-se ao conflito de interesse econômico das empresas com a população em geral; a necessidade de se regulamentar as visitas a zonas de risco; a de qualificar e valorizar o trabalhador; maior conscientização coletiva, bem como a necessidade de incentivo ao turismo de base comunitária.

Na sua rápida participação, Wilson lembrou “que essas catástrofes climáticas afetam diretamente os destinos turísticos bem como os trabalhadores pela perda de postos de trabalho com o fechamento de hotéis, restaurantes e outros empreendimentos turísticos, principalmente no Rio Grande do Sul.

Disse da importância de se desenvolver um trabalho para recuperar essas áreas impactadas bem como evitar que os fenômenos ambientais tragam grandes impactos. Por fim se solidarizou com o povo espanhol, recentemente atingido pelas enchentes e temporais.

Agronegócio violento

O secretário regional da UITA, Gerardo Iglesias, comentou um recente relatório que apresentou sobre a situação vivida na América Latina. Lamentou a violência que desenvolve o setor do agronegócio, do extrativismo, da concentração e estrangeirização da terra. “O grande capital transnacional, conivente com o poder fático nacional, chega à América Latina para se apoderar da terra, dos territórios e dos bens comuns, como a água. Os incêndios no Brasil e na Bolívia foram claramente programados para o avanço da fronteira agropecuária (…)”.

Ele enfatizou que esta situação vem sendo enfrentada na América Latina, a região do mundo onde as pessoas defensoras da terra e dos bens comuns sofrem a maior violência: 166 defensores foram assassinados em 2023. Como Juan López, assassinado a tiros em Honduras por defender a água contra a violência de um empreendimento minerador (…).

“Estão nos envenenando. A nova variante de soja transgênica da Bayer, aprovada no Brasil, utilizará pela primeira vez no mundo um coquetel de quatro agrotóxicos misturados. Em um país onde o glifosato já é encontrado em 66 por cento das amostras dos rios. Já há dados que demonstram que o veneno foi detectado até no leite materno.”

Criticou também que “enquanto na Europa se autoriza um limite máximo para o glifosato ou qualquer outra substância de até 0,1 miligramas por litro de resíduos, no Brasil essa quantidade é 5 mil vezes maior (…)”.

Há também a expansão do dendê. “Aqui na Colômbia, onde o SINTRAINAGRO tem a mais importante e avançada convenção coletiva no setor da banana no mundo. Na região de Urabá, estima-se que cerca de 8 mil hectares de banana poderiam ser substituídos pela palma de dendê, com a consequente perda de empregos e aumento da contaminação por agrotóxicos (…)”.

E foi além: “Nos matam por acreditar em um mundo melhor! Essa é a situação que estamos enfrentando. Difícil, complicadíssima. Mas por que tanta violência? Por que continuam nos matando? Não é apenas pela terra e pelos recursos. É que continuamos lutando teimosamente, acreditando que um mundo melhor é possível (…).  Mas, para continuar fazendo isso, precisamos de organizações sindicais fortes e combativas. A história da UITA é rica em ações de solidariedade e apoio aos movimentos democráticos e populares. Nesse cenário, nesse caminho, sempre vão nos encontrar”.

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