Em um ato de resistência marcado pela indignação e pela mobilização coletiva, cerca de 500 trabalhadores de instituições beneficentes, religiosas e filantrópicas, de todo o Paraná, se reuniram em praça pública, no município de Cambé, para protestar contra a tentativa de criação de um novo sindicato estadual — o SINTIBREF/PR.
O encontro, originalmente convocado pela Comissão Pró-Fundação do SINTIBREF/PR para o dia 17, foi abruptamente cancelado por meio de publicação no Diário Oficial da União apenas na manhã do dia 17. Muitos trabalhadores, já em deslocamento, não tiveram tempo hábil para tomar conhecimento do cancelamento. A decisão foi vista como uma manobra para esvaziar a assembleia e impedir a participação democrática dos profissionais da categoria.
Apesar da ausência dos organizadores da proposta, os trabalhadores decidiram manter a pauta e realizar a assembleia, presidida por Manassés Oliveira da Silva, presidente da UGT/PR, com a presença do presidente da Federação dos Empregados em Turismo e Hospitalidade do Estado do Paraná – Fethepar, Luis Alberto Santos, representantes de mais de 30 entidades sindicais — incluindo UGT, CUT, Força Sindical, NCST e CAT — estiveram presentes e se manifestaram contra a criação do novo sindicato.
Votação unânime
Durante o encontro, foi realizada uma votação por aclamação, na qual os trabalhadores rejeitaram de forma unânime a fundação do SINTIBREF/PR. A decisão foi embasada na defesa da representatividade já exercida por sindicatos consolidados em todos os municípios do estado, que há anos garantem direitos e conquistas às categorias envolvidas.
Interesses patronais
O advogado da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade – CONTRATUH, Agilberto Seródio, alertou que a iniciativa estaria sendo financiada por sindicatos patronais, com o objetivo de criar uma entidade sindical “de fachada”, voltada à assinatura de convenções coletivas que favorecem empregadores em detrimento dos trabalhadores. A denúncia foi reforçada por outros líderes sindicais e advogados presentes.
Resistência
Diversos representantes de sindicatos regionais — como FETHEPAR, SETHOSU, SECLITUS, SENALBA, SINDISERV, SIEMACO e SINSAUDE — se pronunciaram em defesa da manutenção dos direitos conquistados e contra a fragmentação da representatividade sindical. O presidente da FETRASAUDE, Natanael Marquini, destacou que a criação de um novo sindicato colocaria em risco avanços históricos obtidos com muita luta.
Luis Alberto Santos, da Fethepar, também se pronunciou e defendeu a presença dos sindicatos já constituídos para continuarem na representatividade da categoria. “Não podemos permitir que interesses escusos se sobreponham ao direito representativo que já exercido, pois não há necessidade de confundir ainda mais o trabalhador do setor”.
Mobilização histórica
A assembleia foi encerrada às 10h30 com um discurso de Manassés Oliveira, que exaltou a força e a união dos trabalhadores. “Não permitiremos que sindicatos sejam criados para atender interesses alheios à vontade da categoria. A democracia sindical começa com o respeito à participação dos trabalhadores”, afirmou.
O protesto em Cambé se tornou um marco da resistência sindical no interior do Paraná, revelando que, mesmo diante de tentativas de silenciamento, a voz dos trabalhadores continua firme e organizada.
O presidente da Contratuh, Wilson Pereira, comentou hoje que é “inconcebível que numa base territorial já representada por antecedentes devidamente legalizados ainda haja esse tipo de tentativa de interferência. As categorias de trabalhadores de entidades beneficentes, religiosas e filantrópicas já estão devidamente representadas pelo segmento de turismo e hospitalidade, através dos sindicatos filiados a Fethepar e a Contratuh, há longos anos e não há como redistribuir essas unidades pelo oportunismo da similaridade. Resta a Contratuh parabenizar a luta sindical e o esforço desenvolvido pelos trabalhadores para resguardar seus direitos e defesa profissional”.
……….
