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Senado votará o PL dos Cassinos após recesso

Parado no Senado há cerca de um ano e meio, o projeto que reabre os cassinos e bingos no Brasil já começa a ter o interesse parlamentar. O presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) pode colocar a votação como prioritária no segundo semestre. O texto já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e os senadores já negociam a formação de maioria para aprovar o texto.

Segundo publicou o site IstoÉ as prioridades para as próximas duas semanas serão os projetos que tratam das dívidas dos estados e a desoneração da folha de pagamento. Após as votações, a Casa entra em recesso até o dia 1º de agosto.

O relator do projeto, senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO), confia na aprovação pelo plenário do Senado e minimizou as resistências. Para Irajá, a proposta vai movimentar o emprego e alavancar o turismo no Brasil.

“Essa matéria fará bem ao país. Serão investimentos da ordem de R$ 100 bilhões e novos projetos em um prazo médio de cinco anos, além da geração de mais de 1 milhão de novos empregos diretos e indiretos. Os países que já aprovaram a medida mostraram que o turismo cresceu muito. Enquanto isso, o Brasil fica assistindo aos outros países e fica de fora do circuito do turismo mundial”, afirmou.

“Estou muito confiante na aprovação no plenário. Temos o convencimento majoritário das senadoras e senadores para aprovar a matéria. O texto está parado há um ano e meio e tivemos a oportunidade de fazer um amplo debate, já exaurindo essa discussão. A matéria está pronta para poder ser apreciada, com todo respeito aos colegas que possuem alguma oposição divergente, mas aí já é uma questão ideológica, uma questão religiosa”, concluiu.

Muito dinheiro

Os cassinos devem injetar bilhões de reais na economia brasileira. Segundo a Federação de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares do Estado de São Paulo (Fhoresp), são esperados a movimentação aproximada de R$ 30 bilhões apenas em São Paulo.

“Arrecadamos cerca de R$ 15 bi em diárias e R$ 5 bi em alimentos e bebidas hoje. Acredito que podemos acrescentar em torno de 20 a 30% desses valores em diárias e até 50% em alimentação. Sem contar as receitas marginais, com máquinas e jogos. Com isso, posso chegar a duplicar o valor com um novo fluxo e chegar a R$ 30 bilhões por ano”, afirma Bruno Omori, diretor da Fhoresp.

A expectativa é que a aprovação do texto torne o Brasil o terceiro maior país do mundo em jogos de azar, perdendo apenas para os Estados Unidos e o principado de Mônaco.

“E em termos físicos também. Teremos em dois grandes polos do país – Rio de Janeiro e São Paulo – a presença de bingos, cassinos turísticos, além das loterias da Caixa e estaduais. Haverá forte movimentação econômica no país”, completa Bruno.

Ludopatia e lavagem de dinheiro

O texto foi aprovado pela CCJ no dia 19 de junho, por 14 votos a 12. O placar apertado reflete a parcela resistente ao projeto, principalmente a bancada evangélica.

Um dos líderes da bancada evangélica no Congresso Nacional, o senador Eduardo Girão (Novo-CE), vê o projeto de forma negativa e afirma haver um “lobby poderoso” para que o projeto saia da gaveta. Ele avalia que o texto poderá aumentar a ludopatia e, por consequência, a criminalidade no país.

O mesmo alerta o advogado Luiz Anselmo, especializado em processos envolvendo apostas de azar. Mesmo que defenda os benefícios do projeto, ele afirma que já encontrou clientes que faliram e até endividaram por causa do jogo do Tigrinho.

“Como benefícios eu vejo a geração de empregos, a partir do momento que vamos trazer empresas novas e com movimentação financeira alta, vai gerar novos empregos. O aumento do turismo também deve ser destaque, vai fazer a economia andar mais, além do benefício ao governo com a arrecadação do imposto de renda”, explica.

“Mas há uma forte preocupação com a lavagem de dinheiro, que deve aumentar.  Será preciso uma fiscalização mais rígida contra isso. O projeto terá que prever um mecanismo para fiscalizar as empresas e as transferências de dinheiro para evitar que os valores movimentados sejam ilícitos”.

Caso seja aprovado, o PL dos Cassinos tende a ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O próprio petista afirmou ter acordado com os congressistas para agilizar o texto, com o aval do Ministério da Fazenda.

Após a sanção, os deputados e senadores devem agilizar a tramitação de um segundo texto, que irá tratar da regulamentação dos cassinos e bingos. Parlamentares acreditam que as medidas só devem entrar em vigor entre o fim de 2025 e o começo de 2026.

Fonte: IstoÉ, por João Vitor Revedilho

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