O plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira por 68 votos a favor, 10 contra e uma abstenção a indicação de Augusto Aras , feita pelo presidente Jair Bolsonaro , para o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) no próximo biênio, de setembro de 2019 até setembro de 2021. Após uma sabatina marcada por poucas polêmicas, críticas à Lava-Jato e declarações em defesa da independência do Ministério Público, o nome de Aras passou sem sobressaltos pelo crivo dos senadores.
Com isso, a expectativa é que o Palácio do Planalto dê posse a Aras nos próximos dias, para que ele possa exercer o cargo o mais rapidamente possível. Após o fim do mandato da antecessora Raquel Dodge, a PGR vinha sendo comandada interinamente pelo subprocurador Alcides Martins.
No plenário, o quorum foi de 79 parlamentares. Os senadores Jorge Kajuru (Cidadania- GO) e Jader Barbalho (MDB-PA) que estão de licença médica.
Após a aprovação, Aras deve começar a montar formalmente sua equipe e anunciar os nomes para os cargos estratégicos. Até agora só está definido o secretário-geral Eitel Santiago, subprocurador aposentado que já escreveu artigo definindo o golpe militar de 1964 como “revolução”. Aras também convidou para sua equipe o procurador Ailton Benedito, que foi convidado pelo governo de Bolsonaro para a Comissão de Mortos e Desaparecidos mas havia sido barrado pela cúpula do Ministério Público Federal. Ainda não há cargo definido para Ailton. Para comandar as investigações da Lava-Jato na PGR, houve uma sondagem à procuradora Thamea Danelon, que foi da Lava-Jato em São Paulo, mas a sua indicação para o cargo ainda é incerta.
Augusto Aras, tem 60 anos, é membro do Ministério Público Federal desde 1987 e concorreu ao cargo por fora da lista tríplice formada por uma votação interna da categoria. Chegou ao presidente Jair Bolsonaro por meio do ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), que foi coordenador da bancada da bala na Câmara. Conquistou o presidente ao defender que o Ministério Público contribua para o desenvolvimento econômico do país, sem criar entraves. Nas últimas três semanas, Aras vinha conversando individualmente com senadores para se apresentar e expor suas ideias. Foi bem aceito e elogiado pelos parlamentares dos mais diversos partidos, passando por PT, PSDB e PSL.
Em uma sabatina que durou cinco horas e meia, Aras recebeu elogios dos senadores e poucas críticas. Defendeu o modelo das investigações da Lava-Jato e disse que deseja replicá-lo para outras investigações, mas criticou o “personalismo” de procuradores. Logo após a aprovação na CCJ, o presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) levou rapidamente a votação para o plenário do Senado.