Esse tipo de violência repete situações vividas historicamente por mulheres como desqualificação moral, depreciação, uso de estereótipos, piadas e a falta de igualdade de oportunidades. Mas a Secretaria da Mulher ressalta, que em tempos de pandemia, foram identificadas novas formas de violência, desta vez pela internet, como a invasão de reuniões on-line para importunar pré-candidatas e formadoras de opinião nos espaços virtuais.
Apoio do TSE
No mês passado, integrantes da bancada feminina pediram ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, a realização de campanhas de conscientização para combater a violência de gênero dentro da política. “Não basta não ser fácil conseguir chegar a um espaço de poder: permanecer, muitas vezes, é uma batalha diária em função das ofensas, violências e humilhações a que muitas mulheres são submetidas”, desabafou a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) na ocasião.
A 1ª secretária da Câmara, deputada Soraya Santos (PL-RJ), lembrou outro ponto que afasta as mulheres da política: as campanhas difamatórias realizadas contra elas ou suas famílias. “Ninguém está aqui porque é bonitinho, é feio, é gordo, é magro. A gente está aqui porque foi eleito por uma parcela da população. Não dá para você construir uma política saudável atacando a mulher de um deputado ou atacando uma deputada ou seus filhos de forma vil.”
Hoje o TSE já desenvolve atualmente a campanha “Mais mulheres na política: a gente pode, o Brasil precisa”, para inspirar mulheres a ocuparem cargos políticos e mostrar que o aumento de lideranças femininas é bom para toda a sociedade.
Entidades ligadas às causas femininas preocupam-se ainda com o impacto da pandemia de Covid-19 nas eleições municipais deste ano. Além de enfrentarem resistências dentro dos partidos políticos, as mulheres afirmam que o trabalho remoto em meio às atividades de casa e os cuidados extras com os filhos diante do fechamento de escolas e creches dificultam as campanhas femininas.
Aumento tímido
As mulheres são um pouco mais da metade da população brasileira, mas estão longe de conseguir eleger representantes na mesma proporção. Em 2018, foram eleitas 77 mulheres para a Câmara dos Deputados (15%). Embora seja um número pequeno, representou um avanço em relação à eleição anterior, em 2014, quando foram eleitas 51 deputadas (10%).
Um ranking de participação de mulheres no Parlamento elaborado em 2017 pela ONU Mulheres, em parceria com a União Interparlamentar (UIP), colocou o Brasil na 154ª posição. Foram analisados 174 países.
Entre 33 países latino-americanos e caribenhos, o Brasil ficou com a 32ª posição em mulheres nos parlamentos nacionais, estando à frente somente de Belize (3,1%).
Fonte: Agência Câmara de Notícias