Santa Maria (RS) será palco, no próximo sábado (13), de uma manifestação nacional contra o feminicídio, parte de uma mobilização que já percorreu diversas cidades brasileiras. O ato, organizado por coletivos, movimentos sociais e organizações feministas, pretende dar visibilidade à escalada da violência de gênero no país e exigir justiça para as vítimas.
Movimento nacional
No último fim de semana (6/12), Porto Alegre recebeu uma grande manifestação dentro do Festival Mulheres em Lutas Rio Grande do Sul (MEL-RS), que desde sexta-feira (5/12) transformou a capital gaúcha em epicentro do debate feminista. O evento reuniu política, cultura e mobilização, trazendo à pauta temas urgentes como o ódio e a violência contra mulheres nas redes sociais e seus desdobramentos em feminicídios.
Entre as participantes estiveram figuras públicas de Santa Maria, como as vereadoras Alice Carvalho (PSOL) e Helen Cabral (PT) — esta última vítima de agressão dentro da Câmara de Vereadores, episódio que ganhou repercussão nacional.
Pelo Brasil
Além de Santa Maria, outras cidades tiveram manifestações no domingo passado como São Paulo (SP), Curitiba (PR), Campo Grande (MS), Manaus (AM), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), São Luís (MA) e Teresina (PI). O lema que une os atos é claro: “Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas.”
Violência em números
A mobilização nacional foi convocada após uma série de crimes recentes que chocaram o país:
- Em Brasília, a cabo do Exército Maria de Lourdes Freire Matos, 25 anos, foi encontrada carbonizada. O soldado Kelvin Barros da Silva, 21, confessou o assassinato e está preso.
- Em São Paulo, Tainara Souza Santos teve as pernas mutiladas após ser atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro. O motorista foi preso por tentativa de feminicídio.
- No Rio de Janeiro, duas funcionárias do Cefet-RJ foram mortas a tiros por um colega de trabalho, que se suicidou em seguida.
Os números reforçam a urgência:
- 3,7 milhões de mulheres sofreram violência doméstica em 12 meses, segundo o Mapa Nacional da Violência de Gênero.
- Em 2024, foram registrados 459 feminicídios, média de quatro por dia.
- Em 2025, já são mais de 180 casos e quase 3 mil atendimentos diários pelo Ligue 180, conforme o Ministério das Mulheres.
Resistência
Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo por um grande movimento nacional contra a violência de gênero, cobrando dos homens uma mudança cultural para romper com a lógica da violência.
“Em Santa Maria, o ato de sábado será mais um capítulo dessa mobilização que busca romper o silêncio, exigir justiça e afirmar que a sociedade não aceitará mais a impunidade” ressaltou a diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade, Rejane Cabral Carara, que vai participar dos protestos.
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