No último fim de semana, o Brasil assistiu à mobilização “Levante Mulheres Vivas”, que reuniu milhares de mulheres aliadas e também aliados, em atos realizados em pelo menos 20 estados e no Distrito Federal. O movimento denunciou o aumento dos casos de feminicídio e outras formas de violência contra as mulheres, exigindo que a vida feminina seja tratada como prioridade na sociedade e nas políticas públicas.
Panorama no Brasil
Segundo dados oficiais do Ministério das Mulheres, do Ministério da Justiça e Segurança Pública e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os números revelam a gravidade da situação:
- Casos registrados em 2024: 1.450 vítimas de feminicídio em todo o país.
- Tendência de alta: em 2023, foram 1.463 casos, 1,6% a mais que em 2022.
- Média diária: quatro mulheres assassinadas por dia por sua condição de gênero.
- Frequência: uma vítima a cada 17 horas, segundo a Rede de Observatórios da Segurança; outros levantamentos apontam uma morte a cada seis horas.
- Perfil das vítimas: mais de 60% eram mulheres negras e 71% tinham entre 18 e 44 anos.
Esses dados evidenciam um problema estrutural e persistente, reforçando a necessidade de políticas públicas eficazes para enfrentar a violência de gênero.
Em Brasília
Na Torre de TV, em Brasília, o ato contou com a presença da ministra das Mulheres, Márcia Lopes, da primeira-dama Janja Lula da Silva, e de ministras como Anielle Franco (Igualdade Racial), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação).
Márcia Lopes destacou que o Levante Mulheres Vivas representa uma virada na luta contra a violência de gênero, afirmando que não há mais espaço para a naturalização das agressões:
“Esse vai ser um momento que vai marcar um novo tempo para a vida das mulheres no Brasil. É disso que a gente precisava.”
Políticas públicas
A ministra ressaltou a importância do Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, que completa 20 anos e já atendeu 16 milhões de brasileiras em busca de denúncia, orientação e proteção. Também citou a Tenda Lilás, instalada na Rodoviária do Plano Piloto, como exemplo de ação que leva informação e acolhimento diretamente à população.
Além disso, criticou os ataques sofridos por parlamentares mulheres, defendendo o fim da violência política de gênero e a ampliação da participação feminina na política institucional:
“Queremos eleger 50% de mulheres nos cargos políticos. Não vamos votar em homens que agridem ou ofendem mulheres, nem em mulheres que fingem defendê-las.”
Casos recentes
A mobilização também relembrou crimes que chocaram o país, como o ocorrido em 28 de novembro, quando duas mulheres foram assassinadas no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) Celso Suckow da Fonseca, no Rio de Janeiro, por um funcionário da instituição. O episódio reforçou a urgência de fortalecer as redes de proteção e garantir respostas rápidas e efetivas do Estado.
21 Dias de Ativismo
O Levante Mulheres Vivas integra a campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres e do Racismo, iniciada em 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) e que segue até 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos).
Essa articulação conecta a luta contra o feminicídio à defesa dos direitos humanos e ao combate ao racismo, reafirmando que a vida das mulheres deve ser protegida em todas as suas dimensões.
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