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 Jovens trabalhadores se exibem com o ‘CLT premium’

Um trabalhador celetista (com carteira assinada) que tem vale-refeição de dois salários mínimos e até academia de graça, além de vários outros privilégios oferecidos pelo empregador. Assim estão aparecendo nas redes sociais, jovens, da geração “z”, que se consideram especiais e que estão conseguindo seguidores e visualizações infinitas.

São os chamados “trend”, ou uma tendência, o que atrai outras pessoas. Em geral são conteúdos gerados pelos usuários das redes sociais, que alcançam alta popularidade por um determinado tempo. Um deles alcançou mais de 3 milhões de visualizações através da rede Tik Tok através de um post onde se anuncia um CLT premium.

O Google acusou que na semana passada as buscas pela expressão “trend” alcançaram 100% de aumento.

Num pequeno vídeo o jovem se diz um trabalhador privilegiado, com conquistas fora do comum, com direito a vale-refeição e alimentação com valores altíssimos, bonificações por lucros obtidos pela sua empresa e plano de saúde e até academia de graça.

Nenhum deles são direitos trabalhistas ou estão previstos na CLT e nenhuma empresa tem obrigação legal de proporcionar isso ao trabalhador. Não são os casos de auxílio transporte, férias, 13º salário e Fundo de Garantia.

Mas nesta exposição o jovem garante que “só com o vale-refeição, recebo o valor de quase dois salários mínimos. Também tenho direito a 14º e 15º salários”, afirma João Vitor Paz. Conforme matéria do site G1.

O jovem, de 22 anos, é gerente de contas em uma instituição financeira no Rio Grande do Sul. O vídeo dele sobre “CLT premium” é um dos mais famosos da trend. A gravação atingiu quase 4 milhões de visualizações.

“O pessoal ainda está desacostumado e remete CLT a algo sofrido, que não dá frutos. Não é sempre assim, mas, para se ter um bom cargo, é preciso se aperfeiçoar”, diz o jovem.

Nos vídeos, os “CLT’s premium” ostentam os diferenciais que existem em suas empresas por meio de uma combinação de fotos em carrossel. Boa parte desses conteúdos é publicada por jovens nascidos entre os anos de 1995 e 2010.

Isabela Dias de Oliveira, que trabalha em uma empresa de gestão para RH e setores financeiros, conta que participou da trend após assistir ao vídeo de outra usuária do TikTok. Para ela, a missão do viral é oferecer um ponto de vista animador sobre a CLT.

Giovanna Presotto, de 23 anos, contribuiu com a “trend” é consultora de uma prestadora de serviços odontológicos. Ela conta que tem mais de 20 benefícios trabalhistas. Entre eles, o recebimento da participação nos lucros – duas vezes ao ano – da empresa e previdência privada.

A publicação de Giovanna, já teve mais de 153 mil visualizações, algumas pessoas criticaram a exposição dos benefícios. Apesar disso, ela afirma que a maioria dos comentários são de jovens pedindo dicas para conquistar um emprego.

Ostentação

No entanto esses jovens são estimulados para uma realidade que não condiz com a maioria do mercado de trabalho, conforme o comentarista especializado no assunto, da Rádio Band News, Renato Meirelles (foto).

“É importante deixar claro que isso não é uma obrigação trabalhista, que todos esses benefícios extras, com salários extraordinários, academias, ambienta agradável, com áreas de lazer, acabam de alguma forma, tentando fazer que a retenção de talentos, em especial, jovens fiquem no ambiente corporativo. Isso é a exceção, da exceção, da exceção. Que algumas empresas usam isso para não ter que pagar salários maiores, porque sobre salários maiores elas pagam impostos. É um jeito de encher o valor do salário. O grosso desse movimento se dá especialmente para a geração Z. Geralmente de uma elite social não acostumada a ter que entregar um relatório. São pessoas que querem ver no mundo corporativo a reprodução das mesadas que recebem dos pais. São jovens, obviamente, da classe A. Falar que um jovem de classe C, que vai trabalhar no comércio e receber a CLT premium, soa como uma piada. Então não chega a meio por cento dos trabalhadores que tem os benefícios ditos nesta “trend” da CLT premium.

Muitas empresas que praticam isso nos escritórios, não estendem esses benefícios para os trabalhadores da fábrica, os mais populares. Então é uma situação fora totalmente da realidade.

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