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Imposto e cultura

  • Comentário originalmente publicado no site Agência Sindical (https://agenciasindical.com.br/)

Pode parecer estranho, mas a economia mais potente do mundo, a dos Estados Unidos, ainda se apoia na pequena propriedade – rural, urbana e na de serviços. Portanto, a imensa potência mundial tem pilares sólidos no trabalho duro de seu povo e na renda gerada pela produtividade dos pequenos negócios.

Aquela economia também se apoia na alta massa salarial e no crédito mais barato, que chega às pessoas por meio de cooperativas – nos EUA, Canadá, França, Alemanha e outros países ricos, essas cooperativas são quase sempre ligadas a sindicatos de trabalhadores.

Uma outra marca dos EUA é que todo mundo paga imposto, só que o rico paga mais. Muito mais. E ai dele se não pagar.

Aqui, o rico considera invasão estatal a cobrança minimamente justa de tributos. Essa herança cultural vem das Capitanias Hereditárias outorgadas pela Coroa Portuguesa a seus protegidos. E dos 340 anos de regime escravo.

E o pobre? O pobre pouco pode fazer, pois o imposto recai no consumo (comida, roupa etc.) ou direto no salário.

O sindicalismo luta contra isso. Aprovamos na Conclat 2022 que só deve haver imposto de renda acima dos R$ 5 mil. E o então candidato Lula assumiu esse compromisso. No ano passado, ele subiu de R$ 1.903,98 pra R$ 2.212,00 o piso do desconto. Ocorre que, agora, com o reajuste real do salário mínimo, mais gente fica sujeita ao imposto de renda.

O sindicalismo cobra do governo que as faixas do Imposto da Pessoa Física sejam atualizadas, o que beneficiaria trabalhadores de renda mais baixa, assim como segmentos da classe média.

Força Sindical e demais Centrais apontam defasagem de 140% da tabela do IRPF. E dizem na Nota publicada semana passada: “É fundamental que a tabela seja corrigida pra acompanhar o aumento do custo de vida e garantir a tributação justa, essencial pra redistribuir renda e reduzir desigualdades sociais”.

A Nota das seis Centrais alerta: “Esperamos que as autoridades estejam atentas às demandas dos trabalhadores e tomem medidas necessárias por um sistema tributário condizente com as necessidades da sociedade”.

A questão da redução do imposto sobre salários é um item forte da Pauta Salarial Unificada. Nosso Sindicato estará, mais uma vez, na linha de frente dessa luta. Desconto de imposto em salário abaixo dos R$ 5 mil é absurdo.

Mas o Sindicato não ficará preso apenas a essa demanda. Por coerência com nossa história, vamos cobrar que os ricos brasileiros paguem mais imposto. Principalmente os que mantêm dinheiro em paraísos fiscais, especulam na Bolsa de Valores ou vivem de gordas rendas bancárias.

A redução no imposto de renda sobre salários injetaria mais dinheiro no mercado interno, e todos ganhariam. Haveria mais consumo, mais produção e até mais arrecadação de impostos sobre o consumo de bens e serviços.

Vamos pressionar!

Josinaldo José de Barros (Cabeça) é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, Diretor dos Metalúrgicos em Ação

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