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Igualdade salarial, irmandade e combate ao racismo

O Comitê Latino-Americano de Mulheres da UITA (Clamu), acaba de definir os temas que serão tratados, este ano, na nova edição da Campanha 16 Dias de Ativismo Contra a Violência de Gênero e pela Promoção dos Direitos Humanos.

Pelo quinto ano consecutivo, a campanha regional realizada pelas afiliadas da UITA Rel, que será de 25 de novembro a 10 de dezembro, promove a visibilização de todos os tipos de violência contra as mulheres e a comunidade LGBTI, especialmente nos locais de trabalho e sindical.

O Clamu definiu, por escolha unânime, que este ano os assuntos serão: a promoção da igualdade de remuneração entre homens e mulheres para trabalho igual e irmandade.

Em outra ordem, o encontro contou com a participação de Vanda Pinedo, coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU) de Santa Catarina, que fez uma atualização sobre o caso de Sônia Maria de Jesus.

O caso Sônia

Sônia permanece em condições análogas à escravidão há mais de 40 anos, como empregada doméstica na casa de um juiz do Supremo Tribunal de Santa Catarina, Jorge Luiz Borba.

Sônia é negra, tem deficiência auditiva e carecia de documentos até o caso se tornar público após denúncia anônima ao Ministério Público do Trabalho.

Ele também não tinha acesso à saúde ou à educação. Ela é analfabeta em português e em língua de sinais.

Há algumas semanas, o MNU realizou um evento em frente ao Tribunal de Justiça de Florianópolis exigindo a liberdade de Sônia, que até agora, apesar das inúmeras denúncias e da campanha internacional realizada pela sua liberdade, permanece na casa dos Borba.

Vanda resumiu a história de Sônia, a esta altura bem conhecida dos integrantes do Clamu, ao mesmo tempo em que expôs o racismo que impera no Brasil.

“Apesar de mais de 50% da população brasileira ser negra, sofremos todo tipo de discriminação e violência, principalmente por parte do sistema de justiça”, denunciou.

Santa Catarina é, entre os estados brasileiros, um dos mais racistas e xenófobos, onde, segundo Vanda, proliferam grupos neonazistas.

A ativista referiu-se a outro caso emblemático da luta do MNU para exemplificar toda a violência institucional sofrida pela população negra, especialmente as mulheres.

Repressão abrangente

“Além de sermos os primeiros a serem atingidos pelas balas da polícia, eles também nos negam o direito à liberdade de culto em nossas comunidades quilombolas”, disse ela, e explicou aos participantes do Clamu a origem dessas comunidades.

“Os quilombos eram os locais onde os escravos fugitivos se refugiavam. Daí surge o termo quilombola, que se refere a quem habita aqueles lugares, promove sua ancestralidade e sua cultura.”

Empolgada, Vanda apelou às organizações sindicais da América Latina para que continuem unidas na luta pela liberdade de Sônia e na defesa dos direitos humanos.

“O caso de Sônia não é mais uma condição análoga à escravidão, é na verdade um caso flagrante de trabalho escravo e deve ser tratado como tal.”

Fonte: UITA, por Amália Antúnez

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