— Demos cinco dias de prazo, e a maioria está pedindo um pouco mais, porque tem que detalhar todos os gastos. Não adianta o cara chegar aqui e dizer que recebeu R$ 400 milhões e gastou R$ 400 milhões, sem dizer em que, tanto estados quanto municípios. Quando os dados chegarem, vamos chamá-los [os representantes de governos estaduais e prefeituras]. Vamos dizer “olha, o governo tal pegou esse dinheiro, e gastou de forma indevida” baseados em fatos concretos — explicou.
Para o presidente da CPI, o colegiado tem seguido um rumo natural nas investigações. Ele entende que primeiro é preciso ouvir todos os ministros da Saúde desde o início da pandemia, processo que, espera ele, seja encerrado no dia 19, com a oitiva do ex-ministro Eduardo Pazuello. Além dos ex-ministros, são necessárias oitivas com o Instituto Butantan e com a Fiocruz, além dos fabricantes das vacinas. Após encerrado esse processo, e com a documentação que chega dos estados, o uso dos recursos repassados pelo governo federal para governos estaduais e prefeituras também será abordado pela CPI.
Críticas governistas
No início da reunião da CPI nesta terça, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) protestou contra a tentativa da oposição de reconvocar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Para ele, a iniciativa faz parte da estratégia oposicionista de blindar estados e prefeituras, focando os trabalhos da CPI apenas no governo federal.
— Vocês só falam em cloroquina, mas e a roubalheira, a corrupção e os desvios de verbas? Temos que investigar isso também — protestou.
Luis Carlos Heinze (PP-RS) adotou a mesma linha. O senador disse que o governo federal investiu R$ 200 mil na cloroquina e repassou R$ 73 bilhões para estados e municípios. A discrepância, no entender do senador, indica que o foco da CPI deve ser no que foi feito dos repasses, em vez de priorizar o chamado “tratamento precoce”.
Já Humberto Costa (PT-PE) justificou por que entende que Queiroga deve ser reconvocado.
— Ele disse que não sabia se havia distribuição de cloroquina na sua gestão, mas uma matéria do [jornal] O Globo mostra que, entre o fim de março e abril, depois de ele já ter tomado posse, foram entregues 127,5 mil comprimidos a dois municípios no interior de São Paulo. Ele ainda informou que não havia mais protocolo da cloroquina no SUS. Mas a orientação do Ministério da Saúde continua sendo a de fazer-se o “tratamento precoce” para a covid-19 — disse Humberto Costa.
Fonte: Agência Senado