Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio o percentual cresceu de 64% em junho para 64,1% em julho
O endividamento das famílias alcançou o maior nível em três anos, segundo dados do Banco Central. Em maio, a taxa de endividamento em relação à renda acumulada de 12 meses subiu para 44,04%. Foi a sétima alta mensal consecutiva. A reportagem é do Reconta Aí.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o percentual de famílias endividadas no país cresceu de 64% em junho para 64,1% em julho deste ano.
Ainda segundo a pesquisa, o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes aumentou para 9,6%, em julho, ante 9,5% em junho.
Para o economista Sergio Mendonça, a dificuldade em redução do endividamento das famílias está associada à situação geral da economia brasileira. “Estamos 8% mais pobres, na média, em termos de Renda per Capita, em relação ao PIB do ano de 2014. Nesse quadro, os indicadores do mercado de trabalho são bem ruins com alto desemprego e elevada subutilização da força de trabalho. Isso afeta a estratégia de sobrevivência das famílias e a renda familiar”.
Famílias mais pobres sofrem mais
Como era de se esperar, quem mais sofre com o endividamento são as famílias mais pobres. Na faixa de menor renda, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso é de 27,1% (dados de julho de 2019). Já no grupo com renda superior a dez salários mínimos, o percentual de inadimplentes alcançou apenas 10,6% em julho de 2019 .
Cartão de crédito é maior fator de endividamento
O cartão de crédito foi apontado em primeiro lugar como um dos principais tipos de dívida por 78,4% das famílias endividadas. A pesquisa constata que houve piora na percepção das famílias em relação às suas dívidas, já que o percentual que relatou estar muito endividado aumentou e as famílias se declaram menos otimistas em relação à possibilidade de pagarem suas dívidas.
Mendonça diz que as pessoas tinham uma esperança de melhora na economia com a eleição de um novo governo, mas isso não aconteceu. “Em qualquer mudança de governo, o povo tende a crer que a situação melhorará. Mesmo aqueles que não votaram no candidato vitorioso. Há uma subida de 4 pontos percentuais no endividamento das famílias entre janeiro e julho de 2019, especialmente para as famílias com renda até 10 salários mínimos. Isso é relevante e pode estar ligado às expectativas mais favoráveis sobre a economia e o mercado de trabalho, que não se concretizaram”, explica.