No dia 21 de março de 2018, uma semana após a socióloga carioca Marielle Franco ter sido brutalmente assassinada no Rio de Janeiro, a Contratuh se reunia em um dos tantos encontros do Viver Mulher e publicava uma peça publicitária em homenagem a esta ativista política brasileira, que se elegeu vereadora pelo Rio de Janeiro, com a quinta maior votação do município.
Marielle Francisco da Silva, que faria aniversário de vida dia 27 de julho, era filiada ao Partido Socialismo e Liberdade, mas até hoje não houve um esclarecimento a contento de sua morte e nem há uma definição sobre os reais motivos do brutal crime do qual ela foi vítima.
A falta de investigação condizente e justiça pelo seu crime, transcorreu nos últimos anos pelo descaso da liderança política que se instalou no Rio de Janeiro e em Brasília há mais de 6 anos. Somente agora com a presença de Lula na presidência do Brasil é que o assunto volta a ser discutido.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou a reabertura das investigações e as novas diligências chegaram até o ex-policial militar Élcio Queiroz, que através de delação premiada, confessou sua participação no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ). No depoimento, o miliciano carioca revelou que a execução foi feita pelo policial militar reformado Ronnie Lessa. Élcio também denunciou a participação do ex-bombeiro militar Maxwell Simões Corrêa, que foi preso pela Polícia Federal. Condenado a quatro anos de prisão em 2021, por atrapalhar as investigações sobre o crime, “Suel” cumpria a pena em regime aberto.
Réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Queiroz foi convencido a fazer colaboração premiada após desconfiar de Ronnie Lessa, apontado como seu comparsa no crime. Os dois estão presos em Rondônia e vão a júri popular pelas execuções. Élcio descobriu que Lessa mentiu e, com a quebra da confiança, decidiu fazer a delação. É um caso típico de “dilema do prisioneiro”, no qual um dos acusados confessa por desconfiar de que será acusado pelo outro.
Mistério
O caso Marielle está envolto em mistérios desde quando as investigações foram iniciadas. Os atuais responsáveis pela apuração das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes afirmam que a investigação do caso avançou com a prisão de Maxwell, e com a homologação de um acordo de delação premiada com Élcio Queiroz. De acordo com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, Suel atuou na “vigilância” e no “acompanhamento” da vereadora.
“Um pacto de silêncio foi rompido. Estamos buscando e oferecendo repostas de um crime emblemático”, disse Fábio Cardoso, promotor de Justiça, que participa da investigação do caso. Não está descartado o envolvimento de outras pessoas no caso, principalmente no âmbito intelectual do crime. Suel, Queiroz e Lessa faziam parte de um grupo de assassinos de aluguel ligados ao chamado “Escritório do Crime”. Na delação premiada, Queiroz disse que o sargento da Polícia Militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé e executado em 2021, foi o intermediário entre a “missão” da execução de Marielle e Ronnie Lessa.
Sem solução
Hoje a Contratuh e a Nova Central, pelos seus presidentes Wilson Pereira e Moacyr Auersvald continuam apoiando toda a investigação e questionando, como a comunidade carioca e brasileira, quem são os verdadeiros responsáveis pela morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes e aguardam o cumprimento da justiça neste intrigante caso.
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