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Com mercado mais informal, sindicatos perdem quase 1 milhão de filiados em 2019

Os sindicatos brasileiros perderam 920 mil trabalhadores filiados entre 2018 e 2019. Os dados são da Pnad Contínua, divulgada nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de associação a essas entidades também caiu para 11,2% entre os trabalhadores ocupados. Trata-se do menor patamar registrado pela pesquisa, iniciada em 2012.

Dos 94,6 milhões de brasileiros ocupados em 2019, apenas 10,6 milhões declararam ter alguma ligação com entidades sindicais. O número segue tendência de queda desde 2016, quando a quantidade de associados a sindicatos foi de 13,5 milhões, equivalente a 14,8% de todos os ocupados naquele ano.

Desde a reforma trabalhista , em 2017, o número de trabalhadores sindicalizados caiu em 2,5 milhões.

A recuperação da população ocupada, com acréscimo de 2,4%, em 2019, não foi acompanhada de expansão da população sindicalizada. Uma das explicações é o aumento da informalidade no mercado brasileiro, de 1,3% no ano.

“Há uma tendência de recuperação da população ocupada, mas a população sindicalizada não acompanha a expansão. Pelo contrário, ano a ano vem perdendo contingente. A maior queda foi em 2018, hoje ela perde menos, mas continua perdendo”, ressalta Adriana Beringuy, analista do IBGE.

Além disso, há as recentes reformulações na reforma trabalhista, que estabeleceu como opcional a mensalidade sindical.

Mais informais

Em 2019, o número de  pessoas ocupadas na informalidade chegou a 38,4 milhões de pessoas, em média. Parte desse crescimento da informalidade foi sustentada por ocupações que não possuem grande articulação sindical, como os motoristas de aplicativos, o que ajuda explicar a queda do sindicalismo brasileiro.

Todas as regiões tiveram redução de sindicalizados entre 2018 e 2019.

“É uma queda que não está relacionada à expansão ou redução da ocupação”, explica Adriana.

A pesquisa também mostra que a  associação a sindicatos varia de acordo com a posição na ocupação e a categoria do emprego.

Sindicalização no setor público

O setor público segue com a maior taxa de sindicalização, com 22,5% dos seus trabalhadores ligados às entidades. No entanto, apresentou a maior queda anual. Em 2018, o percentual era de 25,7%.

Segundo Adriana, essa queda pode estar ligada a um efeito de substituição dos trabalhadores no setor. Os mais antigos, já sindicalizados, estão se aposentando, enquanto os mais novos ainda não estão aderindo a sindicatos da categoria.

“Há uma perda de capacidade das grandes organizações sindicais, como também um processo de afastamento de trabalhadores do setor público . Os que se aposentam são os mais antigos, que eram sindicalizados. Nos mais recentes na administração pública, a incidência (de sindicalização) é menor. Com a perda de mobilização, isso pode ter interferido”, destaca.

Entre os ocupados com carteira de trabalho assinada , esse número era de 14%. O cenário contrário é percebido naquelas ocupações consideradas informais.

Os empregadores por conta própria sem carteira apresentaram taxa de 7,3%, enquanto os empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada apresentaram uma das menores taxas (4,5%).

Entre a segmentação por nível de escolaridade, o menor percentual de sindicalizados foi registrado entre as pessoas ocupadas com ensino fundamental completo e médio. Por sua vez, a maior taxa foi observada entre os ocupados com nível superior completo (17,3%).

A despeito da maior taxa entre as faixas educacionais, os profissionais que concluíram a graduação foram os que registraram a maior perda de sindicalizados: saíram de 20,3%, em 2018, para 17,3%, em 2019. Em números absolutos, são menos 351 mil pessoas contribuindo para entidades de representação do trabalhador.

Fonte : IG

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