Centrais Sindicais se reúnem com ministros e empresários para discutir impactos da guerra comercial e apresentar propostas de desenvolvimento
Em um momento de crescente tensão econômica global, os presidentes das principais Centrais Sindicais do Brasil se reuniram nesta quarta-feira com ministros do governo Lula e representantes do setor empresarial para debater os efeitos da guerra comercial provocada pelas recentes medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos. O encontro, realizado na sede do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, teve como foco a apresentação do documento “Soberania, Emprego e Desenvolvimento”, que propõe ações coordenadas para enfrentar os desafios impostos ao setor produtivo nacional.
Riscos à economia
O documento alerta para os riscos iminentes à economia brasileira, como:
- Desindustrialização acelerada
- Desorganização de cadeias produtivas estratégicas
- Ameaça a milhares de empregos formais
Segundo os dirigentes sindicais, a resposta à crise deve passar por um projeto de desenvolvimento que combine inclusão social, geração de empregos e redução das vulnerabilidades externas. O texto também expressa apoio à postura do governo Lula em defesa da soberania produtiva e propõe medidas concretas para proteger os trabalhadores e fortalecer a indústria nacional.
Propostas
As Centrais Sindicais organizaram suas propostas em cinco eixos estratégicos:
- Defesa da Produção Nacional
- Reforço de medidas antidumping e salvaguardas comerciais para proteger a indústria brasileira da concorrência desleal.
- Investimentos em inovação e infraestrutura, com foco em tecnologias críticas como inteligência artificial, semicondutores e hidrogênio verde.
- Estímulo às compras públicas com conteúdo local e revisão da Lei de Patentes para ampliar a autonomia tecnológica.
- Proteção do Emprego e da Renda
- Recriação de programas de proteção ao emprego, como o antigo Programa de Manutenção do Emprego e da Renda (PMER), adaptado ao novo contexto global.
- Expansão da qualificação profissional, com foco em setores estratégicos como energia limpa, manufatura avançada e logística.
- Diálogo Social e Negociação Coletiva
- Criação de espaços permanentes de concertação entre governo, empresários e trabalhadores, inspirados em modelos europeus de governança tripartite.
- Participação ativa de representantes sindicais na formulação de políticas industriais e comerciais.
- Transição Ecológica Justa
- Implementação de um plano nacional de descarbonização com foco na geração de empregos verdes e na requalificação da força de trabalho.
- Estímulo à bioeconomia e à economia circular, especialmente na Amazônia Legal, como alternativa sustentável de desenvolvimento regional.
- Nova Estratégia Comercial
- Revisão de acordos internacionais que fragilizem a indústria nacional, com destaque para cláusulas de propriedade intelectual e barreiras técnicas.
- Fortalecimento do Mercosul e da cooperação Sul-Sul como pilares de uma política externa voltada à integração produtiva e ao desenvolvimento regional.
Articulação e unidade sindical
O encontro foi marcado por uma demonstração de unidade entre as principais centrais do país. Assinam o documento: Moacyr Auersvald, NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores); Sérgio Nobre (CUT); Miguel Torres (Força Sindical); Ricardo Patah (UGT); Adilson Araújo (CTB) e Antonio Neto (CSB)
Próximos passos
Em declaração conjunta, os líderes sindicais afirmaram que “o diálogo social é essencial para construir soluções negociadas e garantir que a classe trabalhadora seja não apenas sujeita, mas beneficiária do crescimento econômico”.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, presente na reunião, destacou que o governo está atento aos impactos da guerra comercial e reconhece a importância de uma resposta articulada. “Estamos trabalhando para preservar a capacidade produtiva do país e proteger os empregos. As propostas das centrais serão consideradas na formulação de políticas econômicas e industriais que reforcem nossa soberania”, afirmou Haddad.
Segundo fontes do governo, será criado um grupo de trabalho interministerial com participação das centrais sindicais e representantes do setor produtivo para aprofundar as propostas e viabilizar ações emergenciais e estruturantes. A expectativa é que novas medidas sejam anunciadas nas próximas semanas, incluindo incentivos à indústria nacional e mecanismos de proteção ao emprego.
O encontro desta quarta-feira marca um passo importante na construção de uma agenda comum entre governo, trabalhadores e empresários, com foco em soberania produtiva, justiça social e desenvolvimento sustentável.
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