Pela primeira vez, a temperatura média global ficou acima de 2ºC em relação à média estimada para níveis da era pré-industrial, superando o limite previsto no Acordo de Paris.
O pacto mundial local tem como objetivo limitar o aquecimento do planeta a no máximo 2ºC em relação ao nível pré-industrial (período de referência de 1850 a 1900) até 2100, mas prevê esforços para que a temperatura média global não aumente mais do que 1 ,5ºC.
A marca de 2ºC foi superada na última sexta-feira (17/11) conforme o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia (UE). Segundo o Copernicus, na sexta-feira a temperatura média global foi 2,07°C acima da média da era pré-industrial.
O órgão ressaltou que, possivelmente, a tendência avançou no sábado, informação que será divulgada hoje, terça-feira. A previsão é de que meses de recordes de calor farão de 2023 o ano mais quente da história.
Acordo de Paris
Com um aquecimento global médio superior a 1,5°C em comparação com a era pré-industrial, existe o risco de consequências extremas em muitas áreas, como o aumento de mortes causadas pelo calor, por exemplo.
Por isso, o Acordo de Paris diz que “vai perseguir esforços para limitar o aumento a 1,5 ºC”, e regular que, assim, os riscos e impactos das mudanças climáticas serão restritas.
O Acordo de Paris entrou em vigor em 2016. Se em alguns dias a temperatura ficar acima de 2ºC, isso não significa que o limite do pacto tenha sido ultrapassado, uma vez que o acordo se refere a uma média ao longo de três décadas.
O problema é que estudos divulgados nesta segunda-feira pela ONU e na semana passada mostram que o mundo está cada vez mais longe de atingir esse objetivo. Os especialistas apelam, cada vez mais, para que os países diminuam drasticamente e de forma rápida suas emissões de gases de efeito estufa, para evitar grandes catástrofes climáticas, como ondas de calor violentas, super furacões e derretimento das calotas polares. Atualmente, considera-se que o mundo está, em média, quase 1,2ºC mais quente em comparação com a era pré-industrial. Já o ano de 2023 está, segundo o Copérnico, 1,43ºC acima dessa marca.
Referência
O primeiro dia a ultrapassar a meta de 2ºC faz parte de uma série de registros preocupantes deste ano: outubro foi o mês mais quente já registrado globalmente, assim como todos os meses anteriores desde junho, de acordo com o Copernicus.
Além desses registros oficiais, os cientistas afirmam que dados como a observação de anéis de árvores ou núcleos de gelo sugerem que as temperaturas observadas neste ano não podem ter precedentes na história da humanidade, sendo ambientais as mais quentes em mais de 100 mil anos.
O Relatório Anual de Lacunas de Emissões 2023, divulgado nesta segunda-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) mostra que, até o início de outubro, foram registrados este ano 86 dias com temperaturas superiores a 1,5° C acima dos níveis pré-industriais.
O mesmo relatório informa que, se os países mantiverem apenas o que já está sendo feito, a temperatura média global cai 2,9 ºC mais quente até 2100, tornando algumas regiões inabitáveis.
Fonte: Site DW com foto de Pilar Olivares
………