Uma investigação da Polícia Federal revelou que, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), uma estrutura clandestina de inteligência conhecida como “Abin paralela” monitorou sindicalistas, servidores da Eletrobras, que se opunham à privatização da empresa. A denúncia foi inicialmente publicada pelo jornal Folha de S.Paulo e reforça suspeitas sobre o uso indevido de órgãos de inteligência para fins políticos.
De acordo com o relatório da PF, a operação teria sido comandada por Alexandre Ramagem (PL-RJ), então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atualmente deputado federal. Mensagens interceptadas indicam que Bolsonaro teria solicitado diretamente a Ramagem que tomasse medidas contra funcionários que se posicionavam contra as políticas do governo.
Em uma das comunicações analisadas, a PF destaca a seguinte ordem: “O [Ramagem] foi instado pelo geral [Bolsonaro] a resolver uma questão em Furnas, pois há servidores que estão remando contra ações governamentais, em função de posicionamentos políticos e ideológicos.”
Entre os alvos da espionagem estavam os diretores Edvaldo Risso (Eletronuclear) e Pedro Brito (Furnas), além dos servidores Felipe Araújo, Leonardo Pessoa, Victor Costa e Caio Brasil Neto, todos ligados a Furnas. Os investigadores apontam que esses nomes foram incluídos em relatórios internos da “Abin paralela”, onde eram classificados como opositores à privatização e descritos de forma depreciativa. Em um dos trechos analisados, agentes se referiam a esses servidores como “mais vermelhos que sangue”, evidenciando um viés ideológico na perseguição.
A revelação reforça preocupações sobre o uso de estruturas estatais para monitorar adversários políticos e sindicalistas, levantando questionamentos sobre a legalidade dessas ações e seus impactos na democracia.
Fonte: Brasil 247, por Otávio Rosso
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