Um amplo estudo publicado na revista Environmental Research revelou que 69,3% das 1.024 praias analisadas no Brasil apresentam contaminação por microplásticos — partículas menores que cinco milímetros que podem afetar a biodiversidade, a segurança alimentar e a saúde humana.
A pesquisa integra o projeto MicroMar, coordenado pelo Instituto Federal Goiano (IF Goiano), considerado o maior levantamento padronizado já feito sobre o tema no Sul Global. Segundo o professor Guilherme Malafaia, coordenador do estudo, o trabalho cria “um banco de dados inédito sobre a contaminação das praias brasileiras”.
O levantamento mostrou que Paraná, Sergipe, São Paulo e Pernambuco registraram as maiores médias de microplásticos por quilo de areia. No entanto, quando analisada a toxicidade dos fragmentos, os estados com maior risco ecológico foram Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Maranhão e Pará. Materiais como PVC, por exemplo, elevaram o perigo em locais com baixa quantidade de resíduos.
O Ministério do Meio Ambiente anunciou a Estratégia Nacional Oceano sem Plástico (ENOP), lançada em outubro, com metas para eliminar a poluição plástica marinha até 2030. O plano prevê ações integradas entre governo, setor privado e sociedade civil para reduzir o lixo nas bacias hidrográficas e ampliar o monitoramento costeiro.
De acordo com os pesquisadores, os microplásticos funcionam como “esponjas ambientais”, acumulando metais pesados e pesticidas, e podem ser ingeridos por organismos marinhos, afetando toda a cadeia alimentar. O desafio, segundo o estudo, é agir “da fonte ao mar”, reduzindo a geração e o descarte inadequado de plástico antes que ele chegue ao oceano.
Fonte: Reportagem de Maurício Frighetto / Deutsche Welle
*********