Uma pesquisa global realizada pela Wellhub com 5 mil profissionais em 10 países revelou que 90% dos trabalhadores enfrentam sintomas de burnout — no Brasil, esse número chega a 86%. Fadiga constante, ansiedade, distúrbios do sono e sensação de sobrecarga são sinais de uma força de trabalho que opera no limite. Segundo Ricardo Guerra, “o limite entre produtividade e exaustão está cada vez mais tênue”.
Esse cenário se agrava quando analisamos o impacto da desigualdade de gênero. No seminário “Mulheres no Mercado de Trabalho”, promovido pelo MTE, especialistas destacaram que mulheres enfrentam salários mais baixos, menor proteção social e segregação ocupacional. A situação é ainda mais crítica para mulheres negras, cuja taxa de desemprego é mais que o dobro da de homens brancos, e os salários chegam a ser menos da metade.
Mulheres
A baixa presença feminina nas áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e a sobrecarga com trabalhos não remunerados — como cuidados domésticos — limitam o desenvolvimento profissional das mulheres. Segundo a ONU, investimentos em políticas de cuidado poderiam gerar até 300 milhões de empregos até 2035, majoritariamente ocupados por mulheres.
A legislação também enfrenta desafios. Uma decisão recente do TRT-MG condenou uma rede de drogarias por desrespeitar o direito à folga quinzenal das trabalhadoras que atuam aos domingos, conforme previsto no artigo 386 da CLT. A Justiça reafirmou que normas específicas de proteção à mulher devem prevalecer sobre regras genéricas, garantindo o convívio social e familiar.
Diante de dados tão alarmantes, é urgente repensar práticas corporativas, políticas públicas e legislações que promovam bem-estar, equidade e inclusão no ambiente de trabalho.
Foto: Josep Suria
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