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Anvisa proíbe venda de todas as pomadas para modelar e trançar cabelos no Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou hoje (10/02), no Diário Oficial da União, resolução que proíbe a venda de todas as marcas de pomadas para modelar e trançar os cabelos no Brasil. O documento diz: “considerando os relatos de eventos adversos graves relacionados a intoxicação ocular”.

A decisão, com caráter preventivo, chega após 27 produtos de fabricantes específicos terem sido suspensos enquanto a agência investiga diferentes formas de lesão nos olhos, como cegueira temporária e forte ardência, após o uso.

“Enquanto a medida estiver em vigor, nenhum lote de qualquer desses produtos pode ser comercializado e não deve ser utilizado por consumidores e profissionais de beleza. Mesmo exemplares adquiridos anteriormente e existentes nas residências ou em salões de beleza não devem ser utilizados neste momento”, diz nota da Anvisa.

Os produtores de pomadas no Brasil se reúnem na próxima semana para discutir medidas necessários para legalizar seus produtos.

Consequências
Além da perda temporária da visão e da ardência nos olhos, a Anvisa aponta que as queixas acusam outros efeitos como lacrimejamento intenso, coceira, vermelhidão, inchaço ocular e dor de cabeça. Pelas informações disponíveis, as reclamações aconteceram principalmente depois de banhos de mar, piscina, ou mesmo de chuva após o uso dos produtos.

Os cosméticos para modelagem dos cabelos geralmente contêm substâncias químicas que interferem na forma e volume. Em contato com a água, podem escorrer para os olhos provocando toxicidade ocular aguda. Os produtos podem permanecer nos cabelos por horas ou dias — explicou o médico oftalmologista Evandro Lucena, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia em Oftalmologia e Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, em entrevista recente ao jornal O GLOBO.

Segundo a Anvisa, foi feita uma avaliação de risco “em conjunto com o Ministério da Saúde e vigilâncias sanitárias locais”. “Diante do número de ocorrências, distribuição geográfica e diversidade de marcas envolvidas, a medida mais segura é interditar estes produtos até que todas as providências possíveis sejam adotadas para evitar novos eventos”, acrescenta.

“A interdição cautelar é uma medida preventiva e temporária para proteger a saúde da população e permanece vigente enquanto são realizados testes, provas, análises ou outras providências requeridas para a investigação e conclusão do caso”, esclarece.

Para os consumidores, o órgão orienta o não uso das pomadas. Mas, se tiverem sido utilizadas recentemente, pede que os cabelos sejam lavados com cuidado, sempre com a cabeça inclinada para trás, para evitar que a substância entre em contato com os olhos.

Se houver contato, recomenda que os olhos sejam lavados imediatamente com água em abundância. No efeito adverso, o serviço médico de saúde deve ser procurado imediatamente. Além disso, é possível notificar o caso por meio do site da Anvisa.

Profissionais

Para os profissionais que usam as pomadas, a orientação é que elas deixem de ser utilizadas, lembrando que pode haver riscos também para os aplicadores. “Não existe determinação de recolhimento no momento, mas o produto deve ficar separado e não deve ser exposto ao consumo ou uso”, diz a Anvisa.

A agência pede ainda que profissionais da saúde que atendam pessoas com os efeitos adversos das pomadas notifiquem o caso ao órgão por meio do site.

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