O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem (18), em Brasília que o pobre vai pagar menos imposto e que vai taxar as grandes fortunas. Ele foi categórico dizendo que não adianta o PIB crescer se não for para distribuir recursos para os que mais precisam. Os “ricos vão pagar mais (Imposto de Renda), vamos mudar a lógica, vamos diminuir para o pobre e aumentar para o rico”.
“Nesse país, quem paga imposto de renda de verdade é quem tem holerite de pagamento, porque é descontado no pagamento e a gente não tem como não pagar. Mas a verdade é que o pobre que ganha R$ 3 mil reais, proporcionalmente, paga mais do que alguém que ganha R$ 100 mil reais”, declarou.
Para as mudanças pediu apoio dos Sindicalistas para que pressionem o governo e ressaltou que precisará contar também com o apoio da população e do Congresso Nacional.
Isenção até R$ 5 mil
Lula disse também que pretende “brigar” pela isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil de salário.
“A isenção de imposto e aumento de imposto precisam de leis, a gente tem que construir isso. Vamos começar a fazer uma reforma tributária. Gostei da declaração do Haddad de que vamos fazer a reforma tributária ainda no primeiro semestre”.
Novo mínimo
Durante o encontro, Lula assinou um documento para que os Ministérios do Trabalho e da Previdência, entre outros, apresentem em 45 dias uma proposta para uma política de valorização do salário mínimo.
O presidente disse que o governo “quer reajuste acima da inflação” e que “salário mínimo tem que crescer de acordo com o crescimento da economia”.
Na véspera, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo vai definir o valor do mínimo deste ano a partir de uma negociação com as centrais, mas indicou que a viabilidade de um valor acima dos R$ 1.302 já em vigor dependerá do cálculo do número de beneficiários do INSS, uma vez que uma parcela grande dos pagamentos previdenciários é indexada ao mínimo.
Se Haddad defende que o piso seja de R$ 1.302, a ala política do governo pede R$ 1.320. Já os sindicalistas almejam um reajuste para R$ 1.342 a partir de maio.
Moacyr cobrou
O presidente da Nova Central, Moacyr Roberto Auersvald Tesch foi um dos líderes sindicais a discursar no encontro. Expressou a sua confiança no novo governo e confessou que a classe trabalhadora que representa está disposta a contribuir para o novo governo, mas também cobrou decisões que foram prometidas durantes a campanha.
Num tom brando e de muita confiança, Moacyr referiu-se ao companheiro Wilson Pereira, presidente da CONTRATUH e defendeu a reformulação do Imposto de Renda, a taxação dos lucros e a reforma tributária. Ao fim, saiu extremamente satisfeito, pois todas as suas ponderações foram contempladas no discurso presidencial. “Isso demonstra que estamos no caminho certo e que a classe trabalhadora pode esperar bons resultados”, comentou.
O presidente da Nova Central e o presidente da CONTRATUH, Wilson Pereira, além deste encontro com o presidente Lula, participaram também de uma audiência com a presidente do Supremo, a ministra Rosa Weber e ao fim da tarde de um encontro com o vice-presidente Geraldo Alkmin.
Direito e seguridade
Destaque do dia fica por conta da palavra do presidente que destacou o que “a democracia mais precisa é de um sindicato forte e organizado”, comprometendo-se em se preocupar com a reestruturação sindical brasileira dentro de parâmetros modernos e que o trabalhismo precisa hoje em dia.
Mostrou-se muito preocupado com a redução dos quadros, em virtude da opção pela informalidade: “precisamos de trabalhadores com direitos garantidos e com seguridade social”, discursou Lula.
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