Mais de 600 sindicalistas estarão nesta quarta-feira (18) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para um encontro no Palácio do Planalto, em Brasília. Será a primeira reunião de Lula com representantes de trabalhadores desde sua posse. O principal assunto da pauta é a valorização e o novo valor do salário mínimo.
A previsão de aumento de R$ 1.212 para R$ 1.302 fixada pelo governo anterior é considerada insuficiente depois de quatro anos sem qualquer correção oficial. O reajuste de 8,25%, na verdade, é apenas aumento real de cerca de 1,5% ao trabalhador, já que durante 2022 a inflação corroeu 5,79% do poder de compra da população.
Na PEC da Transição, o novo governo prometeu aumentar o piso para R$ 1.320, concedendo assim mais aproximadamente 0,65% de aumento real extra ao salário mínimo.
Na semana passada, porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que esse novo reajuste pode não sair. Reforçou, entretanto, que o presidente Lula assumiu compromisso de conceder aumentos reais ao piso e que, em 2023, isso já foi feito. “O compromisso de campanha era com o aumento real, que já aconteceu”, disse.
Insuficiente
Para sindicalistas, o valor atual do salário mínimo não é suficiente. Na reunião desta quarta-feira, eles pretendem convencer o presidente Lula e solicitar a ele que o salário mínimo seja reajustado para R$ 1.342 – aumento de 10,7% ante ao valor de R$ 1.212 vigente durante praticamente todo o ano de 2022.
Esse valor foi calculado garantindo ao piso um aumento baseado na inflação (cerca de 5,7%), mais um ganho real de percentual igual ao do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021: de 5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Prevendo aumentos
A recriação da política permanente de valorização do salário mínimo é uma promessa de campanha de Lula.
Fausto Augusto Junior, economista e diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), diz que cerca de 60 milhões de pessoas no Brasil têm seus rendimentos vinculados ao salário mínimo. Por isso, aumentos reais são tão importantes.
Ele ressaltou que 25 milhões de aposentados ou pensionistas recebem benefícios vinculados ao mínimo. Isso faz com que o reajuste pese em contas governamentais.
O diretor-técnico do Dieese ressaltou que esse “gasto” também pode ser encarado como um “investimento”, já que parte do custo do reajuste volta às contas do governo via tributos pois acaba virando consumo de famílias.
Mesmo reajustado conforme o pedido de sindicalistas, o salário mínimo em 2023 deve ficar muito distante do necessário para um trabalhador custear suas despesas básicas, como alimentação e moradia, por exemplo.
O Dieese faz cálculos mensais do chamado “salário mínimo necessário”. Na semana passada, a entidade informou que, em dezembro de 2022, o piso deveria ser de R$ 6.647,63 – mais de cinco vezes o valor do mínimo atual.
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