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Segundo dia do Viver Mulher tem major da PM que protege milhares de mulheres ameaçadas na Bahia

“Como mulher, mãe e policial, não posso falhar. Se nosso sistema for violado, podemos perder uma vida.” Assim começou a palestra emocionante da major da Polícia Militar do Estado da Bahia, Denice Santiago, que cuida da Ronda Maria da Penha em Salvador (BA), durante o segundo dia do XIII Seminário Nacional Viver Mulher, que acontece entre os dias 20 e 22 de março, na capital baiana.

Sob o comando da major Denice, a operação de combate à violência contra a mulher, criada na Bahia em 8 de março de 2015, Dia Internacional da Mulher, segue esse lema e completa quatro anos inspirando corporações no Brasil e no mundo. São mais de duas mil mulheres que agora encontram a possibilidade de enxergar novos caminhos. “Quando uma mulher é morta, todas as outras são”, afirmou.

Mas Santiago vai além e explica que resolver o problema da violência contra a mulher vai de conscientizar o homem, para que ele entenda a importância do seu papel e desconstruir a ideia de objeto que muitas companheiras sofrem com seus parceiros. “Precisamos pensar também no papel desse homem, que é agressor, que cometeu um crime e vai ser responsabilizado por isso”, afirma. “Ele tem de aprender e modificar a sua postura. Não se trabalha a violência doméstica somente a partir do lugar da mulher. E se eles resolverem fazer de novo, vão saber que serão punidos como criminosos”, completa.

Outra palestra que prendeu a atenção dos presentes foi da Promotora de Justiça e Coordenadora do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher (GEDEM) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Maria Vaz. Ela completa o que foi dito pela major, ressaltando o trabalho da sociedade em apoio à mulher agredida. “Muitas vezes a mulher não consegue ir num órgão público, mas consegue conversar com um ou uma colega de trabalho. Isso é fundamental. Se a mulher vai viver ou morrer, isso pode definir nessa conversa”, alerta.

A promotora também ressalta que a política de armamento da população reforça a violência contra a mulher, por dar mais poder de ameaça ao homem. “Ela será coagida com uma arma de fogo. Recebemos inúmeras denúncias até mesmo de policiais que usam seu poder bélico para intimidar suas companheiras. Não é uma suposição, assistimos isso em nosso dia a dia”, finaliza.

Fechando o ciclo de palestras do dia e representando a Secretaria de Políticas para as Mulheres, em substituição à chefe da pasta, Julieta Palmeira, a socióloga Maria de Lourdes Schefler falou sobre o trabalho feito pelo Governo do Estado da Bahia em prol das mulheres.

Reforma da Previdência em pauta

O assessor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), André Santos, também explicou os efeitos da Reforma da Previdência no gênero feminino, das disparidades entre homens e mulheres e alguns pontos que exemplificam a ineficiência da proposta de mudança defendida pelo governo. “As propostas são do mercado e foram concebidas para favorecer o capital. Essas matérias são interesse direto dos setores financeiro e produtivo, que pressionarão o Congresso Nacional para que sejam aprovadas nas duas Casas legislativas.”

Grupos de trabalho reforçam objetivo do Viver Mulher

Além das palestras, grupos de trabalho para colocar em prática os trabalhos em defesa da mulher e contra a violência foram criados, com facilitadoras guiando a discussão sobre temas variados, entre eles: tipos de violência contra a mulher, rede de apoio, mulher na política, feminicídio no Brasil, importância da denúncia, padrão de beleza, saúde da mulher e o SUS.

A ideia é desenvolver ações contra o assédio e a desigualdade de gênero dentro do grupo de Turismo e Hospitalidade, além de conscientizar as trabalhadoras e trabalhadores a reconhecerem em clientes vítimas de agressão, para denunciar os casos pelo 180.

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