A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prevê o fim da escala de trabalho 6×1 – ou seja, uma folga a cada seis dias de trabalho – vem ganhando força na Câmara dos Deputados e repercutindo nas redes sociais.
A proposta é de um expediente de até 36 horas semanais, sem alteração na carga máxima diária de oito horas, o que permitiria um modelo de quatro dias de trabalho.
Atualmente, a jornada de trabalho padrão no Brasil é, de acordo com a CLT, de 8 horas diárias e 44 horas semanais, com direito a pagamento adicional para hora extra. “A tendência, tanto no país quanto no mundo todo, é que a carga horária diminua cada vez mais”, afirma Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV Ibre.
Estudos relacionam os avanços tecnológicos ao aumento da produtividade dos profissionais, que pode permitir jornadas de trabalho mais curtas a depender da empresa, do setor e da função. Um levantamento do McKinsey Global Institute, por exemplo, mostra que, com a automação de tarefas repetitivas e a análise de grandes volumes de dados, as empresas conseguem melhorar a eficiência.
No mundo
Com o apoio da tecnologia de empresas e governos, semanas de trabalho reduzidas foram testadas e implementadas ao redor do mundo nos últimos anos.
Na Alemanha, por exemplo, 73% das empresas que participaram de um teste da semana de quatro dias ao longo de 2024 querem continuar com o modelo. O piloto apontou manutenção da receita das companhias em menor tempo de trabalho, o que indica maior produtividade, além de melhores índices de saúde e bem-estar.
Três das maiores economias globais, Alemanha, Itália e França, estão entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) com as jornadas de trabalho mais curtas, uma média semanal abaixo de 37 horas. O pesquisador explica o motivo: “À medida que a renda aumenta, a jornada de trabalho vai diminuindo. Isso costuma acontecer nos países mais ricos.” Ao contrário dos europeus, a Grécia adotou a semana de seis dias de trabalho este ano.
A China, 2ª maior economia, também é conhecida pelas longas jornadas. No país asiático, a média semanal é de 48,8 horas de trabalho, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas do país. “Gradativamente, a jornada também vem diminuindo. Como eles começaram em um ponto muito pior que outros países, a carga horária vai continuar sendo elevada. Mas isso tem a ver com a política e o processo legal chinês.”
O tribunal superior do país passou a notificar empresas que implementam o regime conhecido como 996 – trabalho das 9h às 21h, seis dias na semana. Nos últimos anos, os jovens chineses têm protestado contra a cultura de longas jornadas de trabalho.
Também na contramão da tendência adotada por empresas e países ao redor do mundo de reduzir a semana de trabalho, a Samsung anunciou este ano que vai ampliar a carga horária dos seus executivos. Líderes de todas as unidades da empresa vão trabalhar seis dias por semana, podendo escolher entre sábado ou domingo.
Em dez países
Confira as cargas horárias das dez maiores economias do mundo (projetadas pelo FMI, o Fundo Monetário Internacional).
- Estados Unidos – 8 horas diárias – 40 horas semanais
- China – 8 horas diárias – 40 horas semanais – Limite de 36 horas extras por mês.
- Alemanha – 8 horas diárias – Até 48 horas semanais – A extensão para 10 horas diárias é permitida, desde que a média em um período de 6 meses não ultrapasse 8 horas por dia.
- Japão – 8 horas diárias – 40 horas semanais
- Índia – 9 horas diárias – Até 48 horas semanais – Existem regulamentações para horas extras que podem variar entre estados e setores.
- Reino Unido – 8 horas diárias – 48 horas semanais – É possível trabalhar mais tempo durante um dia ou semana, desde que a média durante 17 semanas seja inferior a 8 horas por dia e 48 horas por semana.
- França – 7 horas – 35 horas semanais – A jornada pode ser estendida para até 10 horas diárias, desde que não ultrapasse um máximo de 48 horas em uma semana (ou 44 horas semanais em média ao longo de 12 semanas).
- Brasil – 8 horas diárias – 44 horas semanais
- Itália – 8 horas diárias – 40 horas semanais – Limite máximo de 48 horas semanais, incluindo horas extras. São exigidas 11 horas consecutivas de descanso diárias.
- Canadá – 8 horas diárias – 40 horas semanais
Fonte: Forbes
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