Em entrevista concedida ao programa CB. Poder, parceria do Correio com a TV Brasília, na tarde desta segunda-feira (4/11), a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) revelou que foi vítima de assédio moral e sexual dentro da Câmara dos Deputados e reforçou que o problema é cultural.
“Em uma reunião de partido que tivemos, estávamos debatendo as recentes reformas que temos acompanhado e, em dado momento, uma autoridade se aproximou e falou: ‘Nossa, que moça bonita’. Imediatamente, o deputado ao meu lado o corrigiu, e disse a ele que eu era uma deputada e que estava ali fazendo meu trabalho. Ou seja, são as colocações e comentários em um contexto que não cabem. Eu vi que nem quem fez o comentário percebeu que estava fazendo uma colocação descabida, porque é cultural”, concluiu.
Ao longo do programa, ela debateu também temas ligados à violência contra mulher, aos recentes casos de feminicídio do DF e o trabalho em busca de políticas públicas que possam combater o machismo na sociedade brasileira.
A deputada é presidente da Comissão Permanente Mista de Combate a Violência Contra a Mulher no Congresso. Para ela, é urgente combater o problema com reeducação cultural a ser colocada dentro das escolas.
“As políticas que devem ser adotadas de imediato na prevenção é que nós devemos ir para dentro das escolas, mostrar para as crianças e os jovens o que é essa relação, tirar dessa cultura machista todos os conceitos e todos os preconceitos que foram concebidos desde o início dos tempos. O Brasil é um país ainda machista e patriarcal e eu acho que a gente deve falar disso o tempo todo. Colocar os agressores com a cara estampada mesmo. Tem que ter vergonha do que está fazendo. Eles não podem achar que isso é natural”, disse.
Flávia também foi questionada sobre a CPI do Feminicídio, instaurada na última semana na Câmara Legislativa do DF. Segundo ela, o tema e o debate são importantes, mas é preciso ter foco para que a CPI não se torne mais uma discussão sem a implantação efetiva de ações de combate a esse tipo de crime.
Fundo Constitucional do DF
Além da violência contra mulher, Flávia Arruda repudiou a proposição de lei complementar de autoria da deputada Clarissa Garotinho (Pros/RJ) que propõe a divisão do Fundo Constitucional do DF com o estado carioca, sob o argumento de que a região sofreu prejuízos econômicos pela transição da capital para Brasília. “Estão chamando essa PEC de PEC da reparação. Começa pelo termo que é simplesmente um absurdo. Reparar o quê? Reivindicar uma reparação 60 anos depois? Passou um pouco do tempo”, concluiu.